Por: Fernando Bastos
A agricultura brasileira, um dos pilares da economia e segurança alimentar do país, está intrinsecamente interligada às complexas variações climáticas que caracterizam o território. O impacto climático na agricultura nacional é uma narrativa que atravessa fronteiras geográficas e desafia a resiliência dos agricultores e das comunidades rurais, pois as mudanças climáticas estão afetando diretamente a agricultura e, por isso, são necessárias novas medidas para enfrentar os desafios.
O Brasil, com sua vasta extensão territorial, abriga uma diversidade de climas. No entanto, essa variação climática não é uma mera curiosidade geográfica, mas uma força determinante na produção agrícola. As mudanças nas temperaturas, padrões de chuva e sazonalidades têm impactos significativos nas culturas, afetando o tempo de plantio, colheita e qualidade dos produtos.
Onda de calor. Atualmente, estamos assistindo a uma onda de calor bastante intensa e em pleno inverno. Em áreas das regiões Centro-Oeste e Norte, além do interior de São Paulo, as temperaturas máximas devem superar os 40º C nos próximos dias. Se logo no início desse inverno as temperaturas já se mostravam altas, agora, a elevação dos termômetros mostra-se mais preocupante.
Por isso, é essencial que os produtores rurais tenham acesso a informações valiosas sobre as condições meteorológicas na área de plantio, como dados relacionados ao microclima. Assim, com uma solução de inteligência climática de precisão, é possível entender a resistência dos cultivos em relação aos fatores climáticos, bem como seus impactos na cadeia de produção agrícola.
O cenário climático atual aponta ainda para a formação e fortalecimento gradual do fenômeno El Niño. Essa informação foi confirmada pelo Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).
O Nordeste brasileiro é uma das regiões mais afetadas e vem enfrentando secas cada vez mais frequentes e temperaturas crescentes. Os períodos prolongados de estiagem reduzem drasticamente a disponibilidade de água para irrigação e consumo humano. Isso impacta negativamente a produção de culturas essenciais, como feijão, milho e algodão, levando os agricultores a enfrentar desafios significativos na manutenção de suas produções e renda.
No Sul do Brasil, o cenário durante o El Niño é diferente. Chuvas intensas e eventos climáticos extremos, como tempestades e enchentes, representam desafios significativos para a agricultura local. As safras de grãos, vitais para a economia brasileira, são particularmente vulneráveis a esses eventos climáticos. Inundações repentinas podem destruir plantações inteiras, resultando em perdas financeiras significativas para os produtores e para o país como um todo.
Há poucos dias, no Rio Grande do Sul, tivemos uma amostra dos desafios que o clima pode impor. Mais de 29 mil animais de criação morreram após a passagem do ciclone extratropical, aponta relatório preliminar das perdas relacionadas à infraestrutura, produção primária, pecuária e pastagens do Estado. Entre os produtores de leite, a estimativa é de que 327,5 mil litros não foram coletados, prejudicando 813 pecuaristas. Milho e trigo foram os cultivos que mais sofreram na categoria de grãos, levando prejuízo para mais de 1.6 mil produtores.
O impacto climático também se estende à região amazônica. O aumento das temperaturas e a redução das chuvas afetam diretamente a floresta e as atividades agrícolas na região.
Qual é a solução? Enfrentar o impacto climático na agricultura brasileira exige ações coordenadas. Investir em técnicas de agricultura de conservação, que promovem o uso sustentável do solo e a conservação da água, é crucial. Além disso, a diversificação de culturas e o uso de tecnologias de inteligência climática que apoiam um planejamento mais assertivo nesses momentos mostra-se fundamental.
O impacto climático na agricultura brasileira não é um mero conceito abstrato, mas uma realidade que afeta diretamente a produção de alimentos, a economia e a vida das pessoas. A interligação entre o clima e a agricultura é uma dança complexa e dinâmica, moldada por desafios climáticos em constante evolução.
Enfrentar esses obstáculos exige a colaboração de cientistas, agricultores, governantes e a sociedade em geral, com o objetivo de criar soluções que garantam a segurança alimentar, sustentabilidade e resistência da agricultura brasileira diante das mudanças climáticas. A tecnologia da Ignitia desempenha um papel fundamental nesse esforço, fornecendo informações climáticas precisas e oportunas para apoiar as decisões dos agricultores.
Fernando Bastos é Gerente de Desenvolvimento de Mercado da Ignitia e agrônomo com mais de 15 anos de experiência em empresas multinacionais do agronegócio. Atuou no desenvolvimento de tecnologias para mercados agrícolas, além de contribuir com insights valiosos e soluções inovadoras para otimizar processos agrícolas.