A digitalização no agronegócio, que vem avançando nos
últimos anos, teve início em meados de 2011 com o advento da Agricultura 4.0. O
conceito, consiste em um conjunto de tecnologias integradas e conectadas que
buscam a otimização da produção e gestão agrícola em diferentes estágios. De lá
para cá muita coisa mudou e tem transformado principalmente após a pandemia
iniciada em março de 2020, que acelerou ainda mais essa intensificação
tecnológica. Afinal, surgiu a necessidade de se fazer presente em vários
lugares mesmo sem a possibilidade da presença física.
Foi então que profissionais e empresas tiveram que se reinventar, com o cancelamento das feiras e eventos, os e-commerce se consolidaram e tornaram-se as novas “avenidas” de comercialização e aquisição de produtos, até por parte dos produtores, adquirindo de forma digital desde insumos até máquinas e equipamentos. Assim, eles passaram a ter mais tempo para focar na gestão de suas fazendas, concentrando energia em analisar dados e tomar as melhores decisões.
Na área de crédito não tem sido diferente, cada vez mais ganham força as soluções impulsionadas por novas fintechs oferecendo oportunidades financeiras aos produtores com formalização realizada com contratos digitais. Dessa maneira não é necessário se dirigir até as agências bancárias.
“Hoje o intuito é gerar mais facilidade, menos burocracia com mais opções e principalmente transparência, algo que ao longo dos próximos anos só tende a se intensificar”, diz Alex Kalef, administrador e diretor executivo da AgroPermuta, fintech agrícola, que oferece soluções inovadoras de financiamento como uma alternativa aos bancos.
A ferramenta da AgroPermuta é muito simples e eficiente, embasada em planejamento financeiro. O programa Compra Programada da fintech, consiste em uma carta de crédito, na qual o produtor planeja o financiamento de projetos agropecuários, como: silos e sistemas de armazenagem, usinas solares, sistemas de irrigação, compra de veículos, máquinas e implementos agrícolas. “A nossa proposta vai além de oferecer a menor taxa de juros do mercado; queremos propor um planejamento na compra, ou seja, a construção de uma reserva financeira para adquirir esse bem”, diz Kalef.
A Compra Programada não é um consórcio, e sim um contrato de financiamento programado. Sendo assim, não existe grupo, sorteio ou lance, ao pagar 50% das prestações do contrato, o agricultor poderá utilizar a carta de crédito no valor integral contratado. Qualquer produtor de grãos do Brasil, independente da sua região, pode ter acesso ao crédito AgroPermuta, basta que passe pela análise de crédito.
Há ainda o Conta Programada Financiamento, que foi criado mais recentemente pensado justamente em preencher a lacuna do financiamento comum que todos conhecem. Com a nova modalidade, o produtor utiliza a entrada de 30%, via fornecedor, para ter acesso a contemplação da carta de crédito. “O que fizemos foi instituir um produto que se adequa muito mais às realidades dos vendedores e também à realidade do produtor.”, cita.
Devido ao alto investimento em tecnologia, a solução da AgroPermuta está disponível para produtores de grãos de qualquer região, basta que passe pela análise de crédito. Esta por sua vez é feita de maneira simples e descomplicada e em até 48 horas o cadastro pode estar pré-aprovado.
Após aprovação, a formalização (assinatura) é um processo 100% digital e a Agropermuta faz toda o trâmite de cartório e registro. Quanto ao pagamento, o produtor vai usar sua safra de grãos como garantia e não precisará comprometer o seu limite de crédito bancário. O mesmo será feito por meio de uma CPR Financeira, que pode ter como lastro até três safras futuras, já que a quitação do investimento será feita em três parcelas anuais.
Desafios no Brasil
A digitalização do agro no Brasil tem avançado, em alguns segmentos mais rápidos e em outros um pouco mais lento. Quando o assunto é contratação de crédito, essa mudança está no meio do processo. Conforme as tecnologias vão avançando, aumenta-se a possibilidade de agregar novos serviços, e principalmente atingir setores que até então não eram alcançados.
Hoje a estratégia e atuação da Agropermuta é estar diretamente inserida nos fabricantes, pontos de venda, canais de distribuição e revenda; assim consequentemente acessam o produtor rural. De acordo com Kalef, ainda muitos agricultores têm insegurança em contratar o crédito direto com uma fintech, ao invés de ir no banco. “É uma quebra de paradigma, ter uma carta de crédito na mão para aí assim sim ir comprar o bem. Por isso, estamos aumentando a nossa presença junto aos parceiros, fabricantes e revendas de confiança deles para assim, ampliarmos nossa atuação”, reforça o administrador.
Já no exterior, essa nova modalidade de carta de crédito é bem amadurecida e consolidada. Nos Estados unidos, por exemplo, o relacionamento dos produtores com o crédito é bem diferente. Segundo Kalef, o usuário sabe o score que tem e por isso ao buscar financiamentos em instituições financeiras ele já tem a noção de como está posicionado por seu histórico de negociações.
“Sabendo se é um cliente classificado com A ou B, há mais possibilidades, melhores taxas. Clientes com alto scores classificados como bons pagadores são disputados pelas instituições bancárias, pois querem tê-lo como cliente. Foi uma virada de chave, que o Brasil caminha para isso”, finaliza o diretor executivo da AgroPermuta.