A decisão do governo japonês de permitir uma maior mistura de etanol na gasolina a partir de abril de 2025 marca um novo capítulo para o mercado global de biocombustíveis — e especialmente para o Brasil. Com a mudança, o Japão se junta a outros países asiáticos que veem no etanol uma alternativa viável para reduzir emissões de carbono e fortalecer a segurança energética.
Para o Brasil, maior exportador mundial de etanol de cana-de-açúcar, o movimento representa uma janela estratégica de crescimento. Segundo o CZAPP, portal de inteligência da Czarnikow, a nova política japonesa deve elevar a demanda por etanol com baixa pegada de carbono, perfil no qual o produto brasileiro se destaca.
Além do Japão, países como Índia, Indonésia, Vietnã, Filipinas e Tailândia têm ampliado seus programas de biocombustíveis, enxergando na bioenergia uma forma de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os impactos ambientais do transporte rodoviário.
Durante evento realizado em fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a importância do etanol para o futuro energético do Brasil e do mundo:
“O Brasil é uma potência verde e tem um papel importante na transição energética global. O etanol de cana é uma solução concreta, limpa e competitiva”, afirmou o presidente.
“Vamos fortalecer o etanol aqui e também vendê-lo ao mundo”.
Essa fala reflete o empenho do governo em consolidar a imagem do Brasil como fornecedor confiável de bioenergia — especialmente em um cenário internacional de instabilidades políticas, como a possível reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que traz incertezas à agenda climática global.
Brasil bem posicionado
Com sua cadeia sucroenergética consolidada, o Brasil está pronto para atender à crescente demanda asiática. A região Centro-Sul, responsável por mais de 90% da produção nacional, deve manter o ritmo da moagem em alta na safra 2025/26, com boa oferta tanto de açúcar quanto de etanol.
Ao apostar no etanol como alternativa sustentável e econômica, a Ásia envia um recado claro: o mundo quer — e precisa — de energia limpa. E o Brasil, mais do que nunca, pode ser um dos protagonistas dessa transição.