O aumento de demanda por energia elétrica pela instalação de novos data centers, crescimento da frota de veículos elétricos e projetos de hidrogênio verde deve estimular o crescimento do mercado livre de energia nos próximos anos no País. A avaliação é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), que debateu o futuro da fonte solar no Ambiente de Contratação Livre (ACL), em evento realizado na última semana em São Paulo (SP), com diversos especialistas, empresários e autoridades públicas.
Para a entidade, no entanto, o Brasil ainda precisa avançar na regulamentação do armazenamento de energia elétrica, com a manutenção do cronograma do Leilão de Reserva de Capacidade específico para baterias, previsto para novembro deste ano, e equacionar os cortes de geração renovável (curtailment), com o devido ressarcimento aos empreendedores, conforme prevê a legislação.
Segundo Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, o Brasil possui atualmente cerca de 72 mil consumidores no ACL, representando quase 41% do consumo total de energia elétrica do País, ou seja, mais de um terço de toda a eletricidade consumida no Brasil é negociada no mercado livre de energia, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
“E a tendência é de crescimento do mercado livre, principalmente com a migração de consumidores do perfil de varejo, que liderou a expansão no último ano, quando houve a abertura do mercado para o grupo de alta tensão”, explica. “O Ambiente de Contratação Livre pode superar o próprio mercado cativo até o fim deste ano em termos de consumo de energia elétrica, com a perspectiva também do aumento de demanda pelas novas tecnologias de baterias, hidrogênio verde e Inteligência Artificial, além da ampliação dos contratos para as empresas de saneamento básico”, acrescenta Sauaia
Durante o evento, que contou com as presenças de Adriana Sambiase, gerente executiva de cadastros e contratos da CCEE, Arthur da Silva Santa Rosa, gerente executivo de procedimentos e desenvolvimento de operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e do Senador Irajá Silvestre Filho, entre outros, os especialistas e autoridades debateram soluções de curto e médio prazos do curtailment, o potencial da fonte solar para a expansão do ACL, os avanços do modelo de autoprodução, as oportunidades com sistemas de armazenamento energético e o planejamento elétrico e a modernização da infraestrutura, entre outros
O debate contou com a multinacional brasileira WEG como anfitriã, e o apoio das empresas TW Solar, Sungrow, Solar Group e Sunco Capital. Segundo dados da ABSOLAR, o país possui mais de 17 gigawatts (GW) de potência operacional nas grandes usinas solares, espalhadas por todos os estados brasileiros, que atendem, em boa parte, contratos do mercado livre de energia. Desde 2012, o segmento já trouxe mais de R$ 72,7 bilhões em novos investimentos e mais de 510 mil empregos verdes acumulados, além de proporcionar cerca de R$ 23,9 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.