O senador por São Paulo, José Serra, publicou um artigo no jornal *O Estado de S. Paulo*, alertando sobre os riscos de o Brasil comprometer o desenvolvimento de seu maior trunfo na transição energética: o etanol. Serra destacou que o biocombustível é um pilar estratégico que fortalece a economia e reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE), mas enfrenta desafios que podem ameaçar seu futuro.
Desde o início do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975, o etanol já evitou a emissão de mais de 600 milhões de toneladas de GEE, consolidando o Brasil como líder global em energia limpa. Serra comparou o biocombustível à fábula da "galinha dos ovos de ouro" de Esopo, destacando que proteger esse tesouro exige políticas sustentáveis e de longo prazo.
O modelo de sucesso do etanol
Serra elogiou o modelo único de sustentabilidade e eficiência do etanol brasileiro, que inclui a mistura obrigatória de etanol anidro à gasolina desde 1976, variando entre 18% e 27,5%. Esse modelo estabilizou o mercado e reduziu a pegada de carbono dos combustíveis no Brasil. Ele também destacou o avanço do etanol de milho, que ampliou a oferta e garantiu o abastecimento, evitando crises como as ocorridas na década de 1980.
No entanto, o senador chamou atenção para os desafios enfrentados pelo setor ao longo dos anos, como políticas de controle de preços de combustíveis e mudanças na tributação. A redução do ICMS, por exemplo, teve impactos negativos na competitividade do setor e nas finanças estaduais, desestimulando investimentos essenciais.
Críticas às políticas recentes
O senador criticou a nova política de preços da Petrobras, que subsidia combustíveis fósseis e enfraquece o consumo de etanol. Segundo Serra, essas ações aumentam a dependência de combustíveis importados e colocam em risco as metas climáticas do Brasil, em um momento crítico de crise climática global. Ele destacou que eventos climáticos extremos, como os que afetam o Pantanal, reforçam a urgência de fortalecer o uso de biocombustíveis.
Potencial do etanol no futuro energético
Serra ressaltou que iniciativas recentes, como a aprovação do programa "Combustível do Futuro" e do marco legal do hidrogênio, ampliam o potencial do etanol em novas aplicações, como a produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e hidrogênio de baixo carbono. Essas inovações reforçam o papel estratégico do etanol na transição energética.
Por outro lado, o senador criticou sinais contraditórios do governo, que, apesar de iniciativas positivas para fomentar os biocombustíveis, adota políticas que favorecem combustíveis fósseis. Ele alertou que essas ações podem comprometer o desenvolvimento do setor sucroenergético e a liderança do Brasil em energia limpa.
Conclusão
José Serra concluiu seu artigo com um apelo: o Brasil não deve repetir o erro da fábula de Esopo e "matar a galinha dos ovos de ouro". Para ele, proteger o etanol é essencial para garantir um futuro mais sustentável e para o Brasil manter seu papel de destaque na transição energética global.
Nota: Este texto é uma adaptação do artigo original de José Serra publicado no jornal *O Estado de S. Paulo*. A íntegra do artigo pode ser consultada no site do veículo. https://www.estadao.com.br/opiniao/jose-serra/etanol-a-galinha-de-ouro-da-transicao-energetica/