Por João Rodrigo de Castro
Já não é novidade que este ano será de grandes desafios para a agricultura brasileira, especialmente para os agricultores do Sul do Brasil, em função da ocorrência do fenômeno El Niño. Os dados de precipitação até então registrados apenas confirmam o que se esperava.
Durante o último final de semana, a estação meteorológica do INMET localizada no município paranaense de Dois Vizinhos registrou incríveis 335,8mm de precipitação acumulada. Isso contando apenas as chuvas de sexta-feira (27/10) até o domingo (29/10). E tem mais previsão de chuva ao longo desta semana.
Esse cenário tem trazido impactos, não somente no Paraná, como também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. No Paraná, embora a safra de trigo vá bater um novo recorde, as chuvas em excesso e a presença de muitos dias sem sol prejudicaram a produtividade, que também foi impactada por uma grande pressão de doenças fruto do clima úmido. Por lá, é esperada uma quebra de 17% frente às estimativas. O mesmo se observa no Rio Grande do Sul, que já conta com 43% da área total colhida e relatos de queda da qualidade dos grãos, sendo esperado uma quebra de produtividade de até 40% em regiões da metade sul do estado. Em Santa Catarina, além da quebra no trigo, também já é esperado uma quebra na produção de hortaliças como a cebola.
Pensando na soja, no Rio Grande do Sul, a implementação das áreas tem ganhado ritmo na medida em que janelas de tempo seco são verificadas, mas com ritmo ainda lento. No Paraná, o plantio tem avançado e já chegou a 53% segundo o último relatório do Departamento de Economia Rural.
Os próximos dias têm previsão de manutenção do quadro chuvoso, o que deve atrasar o plantio da soja especialmente em Santa Catarina e no Paraná, que já estão com os solos em níveis de umidade que não permitem as operações de campo. Ao longo desta semana as chuvas acumuladas podem até ultrapassar os 100mm, como na região de Cascavel (PR).
João Rodrigo de Castro é Diretor regional LATAM da ignitia, empresa de inteligência climática