As questões climáticas e as oportunidades do mercado de carbono estarão em foco no dia 26 de outubro, no Cubo Itaú, em São Paulo, durante a Conferência Brasileira Clima & Carbono (CBCC), que irá abordar as perspectivas para a COP 28, em Dubai. A climate tech brCarbon participa do evento, apresentando seus projetos de restauração ecológica que demonstram o potencial das Soluções Baseadas na Natureza (SbN), no Brasil. A conferência, promovida pela Aliança Brasil NBS, reunirá especialistas nacionais e internacionais do setor, acadêmicos e representantes do governo.
O painel “O potencial das Soluções Baseadas na Natureza no Brasil: Projetos ARR (Arborização, Reflorestamento e Restauração, em tradução livre)”, terá a participação do sócio fundador, COO e Diretor de ARR da brCarbon, Diego Serrano, que fará a mediação do debate compartilhando a experiência da climate tech brasileira em projetos de restauração ecológica para a geração de créditos de carbono. “O Brasil possui um gigantesco desafio ambiental, tão grande e importante quanto zerar o desmatamento ilegal”, explica.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), há 72,9 milhões de hectares desmatados na Amazônia, o que corresponde a 17% do bioma. E o número de pastagens com degradação moderada ou severa é de 69 milhões de hectares, conforme dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG), de 2021. A escalabilidade de um projeto de carbono e os créditos gerados por ele são fatores que viabilizam e aceleram a recuperação de áreas degradadas e a adequação ambiental de propriedades rurais. De acordo com o Plano Nacional de Vegetação Nativa (PLANAVEG/2017), a meta oficial de recuperação de vegetação nativa é de 12 milhões de hectares até 2030, compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris.
“Entre as estratégias inovadoras da brCarbon destaca-se o desenvolvimento de projetos agrupados, onde novas áreas podem ser inseridas com rapidez na proposta programática, facilitando a sua expansão”, comenta Serrano. A climate tech é responsável pelo primeiro projeto agrupado de REDD+/APD no Brasil (Projeto Agrupado Brazilian Amazon APD), pelo primeiro projeto agrupado na Mata Atlântica (Projeto Agrupado de Reflorestamento da APA do Pratigi) e pelo primeiro projeto de ARR em savana no mundo, que também é o primeiro de ARR nos padrões VCS e CCB das Américas (Projeto Agrupado de Carbono Corredor de Biodiversidade Emas-Taquari).
Na brCarbon, há três frentes de trabalho de soluções baseadas na natureza que são aplicadas por meio de projetos de carbono. São elas: conservação florestal (REDD+), restauração ecológica (ARR) e agropecuária regenerativa (ALM). Os projetos de ARR, que serão apresentados na conferência, ocorrem na região do Pratigi, no sul da Bahia, com a regeneração da Mata Atlântica, e no Cerrado com o projeto Emas-Taquari, localizado na divisa entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “São projetos que geram créditos de carbono a partir do reflorestamento e restauração de áreas que estejam sem floresta há pelo menos 10 anos. Esse mecanismo auxilia o produtor rural no processo de regularização ambiental do imóvel, além de promover novas fontes de renda”, explica Serrano. Um exemplo é a utilização de espécies nativas de interesse comercial não madeireiro - como o cacau na região de Pratigi e a castanha de Baru no Cerrado - incentivando os pequenos agricultores a gerar renda com base em práticas sustentáveis.
Sobre os projetos ARR da brCarbon
Localizado no Sul da Bahia, o Projeto Agrupado de Reflorestamento na Área de Proteção Ambiental do Pratigi é realizado em parceria com a Organização de Conservação da Terra (OCT). Criado em 2011, o projeto já reflorestou 140 hectares com 70 mil mudas de árvore – no total, já foram produzidas 140 mil mudas – proporcionando a recuperação de mais de 100 nascentes e beneficiando diretamente 120 famílias.
No Cerrado, o Projeto Agrupado de Carbono Corredor de Biodiversidade Emas-Taquari é uma iniciativa realizada em parceria com a Oréades, que ocorre em propriedades privadas localizadas na divisa entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nas bacias do Rio Taquari e Araguaia, um corredor de biodiversidade que liga o Parque Estadual Nascentes do Taquari ao Parque Nacional das Emas. Responsável por 10% de toda área restaurada de Cerrado, o projeto promove proteção de nascentes, da fauna e da flora nativas, além da adequação das propriedades rurais à legislação ambiental vigente que agrega mais valor aos produtos e proporciona mais segurança produtiva, e da geração de novas fontes de renda. É o caso da castanha de baru, por exemplo, utilizada em grande concentração no reflorestamento de uma área de 80 hectares. Seis anos depois, os proprietários começaram a produzir castanha de baru e produtos derivados, consolidando-se como uma importante fonte complementar de renda.
Reconhecido como a savana com maior diversidade biológica do mundo, muitas populações sobrevivem dos recursos naturais do Cerrado brasileiro, incluindo etnias indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Apesar disso, apenas 8,21% de seu território está legalmente protegido por unidades de conservação. Criado em 2010, o projeto já reflorestou mais de 500 hectares, além de favorecer diretamente o acesso à água de 51 famílias. Com a atualização do projeto para agrupado, o que permite sua expansão, espera-se atingir a remoção de mais de 12 milhões de toneladas de CO2.
Ambos os projetos são validados para os padrões Verified Carbon Standard - VCS e Climate, Community and Biodiversity - CCB (Biodiversity Gold Level), auditado periodicamente por uma instituição independente acreditada pela Verra.
Foto: Acervo Oréades