Andreas Göhringer
O ano de 2023 começou com desconfiança e temor por boa parte dos executivos em todo o mundo. Sob os efeitos da mudança de governo no Brasil e o aumento da inflação nos países europeus, combinados com resquícios econômicos da pandemia, a extensão da guerra na Ucrânia e a crise energética na Europa, o cenário fez com que empresários iniciaram o ano com o receio de recessão global.
No entanto, com o passar dos meses, a realidade se mostrou melhor que o esperado. No segundo trimestre, o PIB aumentou 0,9%, bem acima do esperado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se comparado ao mesmo período do ano passado, o aumento ficou em 3,4%. A projeção foi puxada, principalmente, pela indústria e pelo setor de serviços.
A lupa industrial mostra um acréscimo de 1,5%, se considerado o mesmo período de 2022. Isso porque o setor é confrontado pela política de juros altos, o que torna o acesso ao crédito mais difícil e retarda investimentos. Por outro lado, a movimentação em torno da Reforma Tributária e a queda da inflação dão sinais importantes de fortalecimento.
Do ponto de vista dos investidores estrangeiros, a complexidade do mercado brasileiro provoca cautela, mas o país, ainda assim, é um importante destino de investimentos, visto o potencial de consumo e da importância do agronegócio e da crescente preocupação com a sustentabilidade.
Mesmo com um cenário incerto, manter a visão ampliada, buscar novos mercados de atuação e abraçar novas oportunidades de negócios, são fatores essenciais.
É assim também no mercado de válvulas. O setor atende os principais segmentos de primeira necessidade como alimentação, fármacos, bebidas, óleo e gás, mineração, tratamento de água e de resíduos, energia limpa, entre outros. Obviamente, sentimos as oscilações econômicas, mas como mostram os registros da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o setor de onde está inserido o nicho de válvulas tem a previsão de crescer 2,4% em 2023.
Encontramos um filão importante na fabricação de fertilizantes e na expansão da biotecnologia e nos consolidamos como players fundamentais no agronegócio.
O mercado de fertilizantes tem investido na modernização de equipamentos e na aquisição de novas tecnologias. É preciso citar também a expansão no país da mineração do lítio com a entrada de investimento de empresas estrangeiras em território nacional. O elemento é utilizado pela indústria plástica, de vidro e na fabricação de medicamentos.
Atualmente, trabalhamos fortemente, também, para concretizar projetos brasileiros de produção de hidrogênio verde e modernizar os sistemas de tratamento de água e resíduos, buscando soluções anti poluentes e sustentáveis. Ainda hoje, perdemos de 30 a 40% da água tratada devido aos vazamentos provocados, principalmente, pela má qualidade dos equipamentos utilizados, apesar de termos “em casa” produtos de alta tecnologia e de fácil manutenção.
Para acompanhar a forte demanda do mercado primário, realizamos investimentos constantes em pesquisa de novos produtos, materiais e recursos tecnológicos para tornar as válvulas ainda mais eficientes em produção e baixa manutenção.
Não é à toa que a nossa unidade se transformou no centro de inovação do grupo Gemü. No Brasil, desenvolvemos pesquisas que impactam os projetos das 27 unidades da marca espalhadas pelos cinco continentes. Com isso, pretendemos, em 2023, aumentar o nosso faturamento em dois dígitos.
O país tem projeções de realização e, também, captação de investimentos, tanto nacionais quanto internacionais, para projetos da iniciativa privada e governamental, por meio de projetos como, por exemplo, o Novo Marco do Saneamento, que prevê melhorias na distribuição de água tratada para a população.
Além disso, também contamos com um povo trabalhador e que se destaca mundialmente pela criatividade e iniciativa, características nem sempre encontradas em outras nacionalidades. Essa é uma fórmula que tem nos colocado em evidência no mercado e, também, entre as unidades do grupo: a conjunção da inventividade brasileira e da disciplina e qualidade alemãs.
Precisamos, no entanto, que o Brasil siga rumo ao crescimento. Para isso, é preciso oferecer ao mundo segurança legal e econômica, com o estabelecimento e cumprimento de normas e regras fundamentais para a concretização de negócios com países do hemisfério norte.
Andreas Göhringer é managing director da GEMÜ do Brasil.