Cana-de-açúcar: setor tem boas perspectivas de crescimento com mais investimento em tecnologia

Estimativa do Valor Bruto da Produção para 2023 é de R$103 bilhões. Soluções ajudam a levar mais eficiência e velocidade para a produção e a planejar

Cana-de-açúcar: setor tem bo

O investimento em tecnologia deve impulsionar a produção brasileira de cana-de-açúcar nos próximos anos. A cultura tem participação importante no Valor da Produção Agropecuária (VBP) previsto para 2023, que apontou a melhor estimativa total em 34 anos (R$ 1.265,2 trilhão). Desse montante, as lavouras têm um faturamento previsto de R$ 900,8 bilhões — 10,5% a mais em relação ao observado no ano passado — e a cana-de-açúcar figura em terceiro lugar entre os produtos que mais devem contribuir para este crescimento, atrás apenas da soja e do milho. A estimativa do Ministério da Agricultura e Pecuária para o VBP da cultura neste ano é de R$103 bilhões. 

A boa perspectiva para o setor sucroenergético, um dos mais importantes da economia brasileira, está ligada ao aumento dos investimentos em tecnologia. De acordo com Rafael Borelli, que acompanha o segmento há muitos anos, e atua como Gerente Comercial de Soluções da divisão de Agricultura da Hexagon, empresa que desenvolve e fornece soluções digitais agrícolas, nos últimos 10 anos a demanda de tecnologia para a cana-de-açúcar vem crescendo de forma linear e exponencial. “Antigamente o trabalho no campo funcionava com máquinas antigas, de forma manual e a responsabilidade ficava muito na mão dos operadores. Devido ao avanço tecnológico, tivemos uma importante evolução dos processos realizados no campo”, explica. 

As atividades que antes eram desenvolvidas manualmente foram automatizadas, o que ajudou a dar mais eficiência e velocidade para a produção. A tecnologia trouxe também avanços para os processos fora da lavoura, desde o planejamento da safra até a análise de dados pós-colheita. “A tecnologia vem crescendo para suprir a necessidade de auxílio para a tomada de decisão. Hoje é possível planejar tudo o que vai acontecer no decorrer da safra, num período de curto prazo, até uma camada mais estratégica com planos de longo prazo, olhando para um horizonte de até 20 anos a frente”, explica Rafael. Com a evolução da Internet das Coisas (IoT), é possível planejar de forma mais próxima da realidade, do que realmente acontece no dia a dia no campo. “São dados gerados a cada atividade que a máquina está trabalhando, a cada segundo, então com base nessas informações segundo a segundo, a tomada de decisão vai se tornando cada vez mais rápida”, acrescenta. 

Apesar dos avanços, os produtores brasileiros de cana-de-açúcar ainda enfrentam desafios significativos. A falta de conectividade é um deles. “Esse é um ponto crucial para que o segmento sucroenergético se desenvolva. “Tem que ter conectividade no campo, se não tiver você estará no escuro e vai continuar olhando no retrovisor”, alerta Rafael. Ele cita também o treinamento de pessoal para as operações. “É essencial a capacitação do capital humano para absorver toda essa tecnologia que está sendo introduzida no campo”. 

Mais economia aliada a sustentabilidade

A gestão ativa das operações permite corrigir erros com maior rapidez e precisão. “Por exemplo, se o operador estiver colhendo a cana em uma velocidade que não é a ideal para aquele solo, ele será danificado pelo excesso de velocidade, que vai arrancar toda a soqueira. Isso vai fazer com que na próxima safra aumentem os gastos com fertilizantes”, exemplifica Rafael. Entretanto, não é somente o lado financeiro que é beneficiado pelo investimento em tecnologia. Um dos grandes desafios do setor é a questão ambiental. 

A produção de cana-de-açúcar é uma atividade intensiva em recursos naturais e pode ter um impacto significativo no meio ambiente. Portanto, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e a busca por novas tecnologias são essenciais para garantir a viabilidade do setor no longo prazo. “As empresas já estão  investindo, mas creio que para os próximos três anos veremos um investimento ainda maior no crescimento tecnológico dentro das usinas”, avalia Rafael.  


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