E se a Índia exportar mais 1Mt de açúcar? Confira análise da hEDGEpoint

E se a Índia exportar mais 1M
Relatório
O mercado sofreu uma leve correção em relação aos 21USc/lb de terça-feira depois que algumas casas anunciaram sua visão otimista para a produção de açúcar do CS brasileiro em 23/24, com números de até 38Mt. Mas outra discussão tem chamado a atenção: a Índia exportará mais do que as cotas de 6Mt já aprovadas?

Neste relatório, pretendemos discutir o que uma exportação entre 5Mt e 7Mt pode significar para os fluxos comerciais globais e, é claro, para os estoques finais da Índia. Atualmente, a hEDGEpoint estima cerca de 34Mt de produção de açúcar durante a safra 22/23. Os números realizados em fevereiro foram divulgados e Maharashtra já está 2% abaixo de 21/22, enquanto a vantagem de Uttar Pradesh e Karnataka foi reduzida.

Quando se trata de 23/24, estamos sendo conservadores: o desvio para o etanol deve aumentar e, assim, reduzir o total de matéria-prima disponível para o adolescente. Além disso, a formação do El-Niño pode resultar em uma menor recuperação da produtividade. Assim, nossa visão preliminar é que a oferta total deve permanecer abaixo de 34Mt na próxima safra.

Tendo esclarecido as suposições básicas para a produção, vamos explorar o que acontece com os estoques finais da Índia, dependendo de seus números de exportação, ceteris paribus. Dado que o governo indiano geralmente tenta manter o estoque final de, pelo menos, 3 meses de consumo, é fácil ver que nem com 7Mt, 6Mt ou mesmo 5Mt de exportação ele atingiria sua meta nesta safra, 22/23.

O cenário marcado como caso base é a visão atual da hEDGEpoint. Presumimos que o governo esteja confortável com o menor nível de estoque final histórico: cerca de 5,3Mt visto em 21/22. Nesse sentido, não apenas a exportação de 6Mt seria possível em 22/23 como também permitiria a exportação de mais de 4Mt em 23/24 -- mantendo os fluxos de comércio global apertados, mas, no geral, equilibrados.

Se o governo permitir mais 1Mt de cotas de exportação, os estoques finais cairiam para 4,4Mt e resultaria em uma disponibilidade extremamente baixa em 23/24. Caso a Índia reestoque para o nível de 5,3Mt, apenas 3,5Mt estariam disponíveis para exportações pelo país. Como resultado, haveria uma tendência baixista no curto prazo, enquanto o contrato de março 2024 enfrentaria uma tendência de alta. Mesmo que o país consiga produzir 34,5Mt nesta temporada, os estoques devem cair para um novo patamar mínimo se qualquer cota adicional for permitida.

 Se o governo decidir que precisa manter um estoque maior até o final da temporada atual, pode retirar 1Mt de quotas. Isso levaria a um estoque final de 6,3Mt e, assumindo que exigiria pelo menos a mesma quantidade para 23/24, a Índia ainda poderia exportar 4,5Mt em 23/24. As exportações de 5Mt em 22/24 dão sustentação de curto prazo aos preços do açúcar.

Existem, como sempre, muitos riscos dentro de um exercício preditivo. Embora não esperemos mais concessões ou retiradas de cotas, só poderemos validar o nível de produção do país asiático em abril -- assim como o governo indiano aguarda para sua tomada de decisão. Podemos nos

surpreender tanto com um volume maior -- como algumas tradings têm defendido -- quanto para baixo, como reportado por produtores locais.

Não apenas em relação à produção deste ano, mas prever 23/24 ainda é muito difícil. Claro que as confirmações em relação a 22/23 vão nos ajudar a esclarecer algumas das expectativas, mas devemos ficar de olho nas previsões do ENSO para tentar entender como pode ser o clima durante a fase de desenvolvimento da cana.

Sobre os fluxos comerciais ainda temos discussões sobre o estresse das exportações brasileiras. Conforme abordamos em relatórios anteriores, depende sim do ritmo de exportação de grãos, principalmente da soja. Como a colheita parece estar melhorando, podemos escapar de um possível deslocamento do açúcar, mas só o tempo dirá.


Foto divulgação: Udop



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