Investir na longevidade dos canaviais

Investir na longevidade dos ca

Por Daniel Pedroso

Plantada em larga escala no Brasil, a cana-de-açúcar possui uma área estimada de 10 milhões de hectares, e representa, em divisas, mais de 2% do PIB brasileiro. Em geral, uma Usina reforma anualmente até 20% do seu canavial, ou seja, se uma Usina possui 30.000 ha de área plantada, reformando 6.000 ha por ano ao custo aproximado de R$ 14.000,00/ha terá um investimento de R$ 84 milhões no ano, o que é um custo extremamente elevado.


Uma estratégia para mitigar esse custo elevado e aumentar o rendimento financeiro é investir na longevidade dos canaviais, mas sem que esses canaviais mais “velhos” percam em produtividade. Para alcançar esse objetivo, o fornecedor e/ou a Usina devem investir em 2 fatores que determinam a produtividade: população do canavial e desenvolvimento da planta.


A população do canavial pode ser facilmente mantida, através do replantio, principalmente com a tecnologia das mudas pré-brotadas (MPB), no entanto, para desenvolvimento das plantas as soluções são mais restritas.


Com esse objetivo, várias Usinas estão adotando o sistema de irrigação por gotejamento para aumentar a longevidade dos canaviais e estão conseguindo sucesso. Como exemplo podemos citar Usina da região de Araraquara (SP), que está no 8º corte com média de produtividade acima de 120 ton/ha, Usina no Triângulo Mineiro que colheu por 12 anos uma produtividade média de 80 ton/ha, optou por fazer a reforma apenas dos tubos gotejadores e da variedade, e hoje se encontra no 8 corte com produtividade acima de 140 ton/ha. E o exemplo do caso de irrigação mais antigo do Brasil que chegou aos incríveis 23 cortes com média acima de 80 ton/ha.


Com esses dados, muitos devem raciocinar: mas para isso devo produzir inicialmente acima de 200 ton/ha para que o decréscimo de produtividade atinja essas produtividades médias? Mas, esse pensamento não é totalmente correto! É lógico que quanto mais produzir maior será o retorno, mas o segredo da rentabilidade da longevidade não está apenas na alta produtividade, mas sim na estabilidade da produção.


Por exemplo, abaixo, foi realizada uma simulação com um canavial no sistema de sequeiro com 5 anos e uma produtividade média de 80 ton/ha, no entanto, no sistema decrescente de produtividade, ou seja, início com 100 ton/ha e fim com 65 ton/ha.


Para comprovar a longevidade, esse sistema foi comparado com a mesma área, agora com o uso da irrigação por gotejamento, e a produtividade média foi de 99 ton/ha em 12 anos, contudo, essa produtividade foi constante, demonstrando a estabilização de TCH, comum em canaviais irrigados.


Os dados financeiros, apresentado no gráfico 01 abaixo, demonstraram que nessa simulação, os canaviais com irrigação por gotejamento foram mais rentáveis na ordem de 37% e com redução no custo de produção, mesmo sem considerar grandes delta de produtividade, apenas com o advento da longevidade.


E quando simulado, nas mesmas condições acima citadas, no entanto para que o sistema irrigado atinja a produtividade final de 80 ton/ha, mas nesse caso com uma longevidade de 17 anos, a rentabilidade foi ainda maior, 44% em relação do sequeiro.  Como demonstrado no gráfico 02.

Gráfico 01. Demonstrativo de lucro obtido na simulação de irrigado vs sequeiro em reais por hectare por ano com uma longevidade de 5 anos

Gráfico 02. Demonstrativo de lucro obtido na simulação de irrigado vs sequeiro em reais por hectare por ano com uma longevidade de 17 anos


Isso vem claramente demonstrar que o aumento da longevidade dos canaviais, através da estabilidade de produção que é uma característica do sistema de irrigação por gotejamento é uma ótima alternativa para aumentar a rentabilidade do seu canavial.


 Daniel Pedroso, especialista agronômico da Netafim Brasil

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