A geração de energia fotovoltaica no Brasil quase dobrou em 2022, com crescimento de 84%. A potência instalada passou de 13 gigawatts (GW) em janeiro do ano passado, para 23,9 gigawatts (GW) em janeiro de 2023, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). O relatório mais recente da associação, do início do mês, aponta que a energia solar se tornou a segunda maior fonte da matriz energética brasileira, representando 11,2% de toda a eletricidade produzida no país, atrás somente da hídrica (51,3%).
“Os dados demonstram o que o mercado já vinha sentindo ao longo do ano passado. Muitos consumidores estão em busca de gerar sua própria energia, de modo mais sustentável. Além disso, a escassez hídrica registrada nos últimos anos e os constantes aumentos das concessionárias fizeram com que as famílias e as empresas priorizasse a instalação de sistemas solares para reduzirem os custos com eletricidade” destaca Guilherme Nagamine, diretor da L8 Energy, empresa especializada na industrialização e distribuição de sistemas fotovoltaicos.
Outro fator que impulsionou o setor no ano passado, de acordo com Guilherme Nagamine, foi o incentivo fiscal previsto no Marco Legal da Geração Distribuída, que previa isenção tributária até 2045 para todos os sistemas homologados até o início deste mês. Na L8 Energy, o aumento da demanda levou ao crescimento de mais de 50% nas vendas em 2022.
“Tivemos muitos desafios para manter a nossa operação estável. No início do ano havia um grande volume de materiais disponíveis no mercado, devido às compras massivas que foram feitas tentando antecipar futuros problemas com fornecedores chineses. Além disso, as incertezas políticas e econômicas, por causa das eleições, deixaram os investidores mais cautelosos. Apesar deste cenário, fechamos o ano com crescimento acima da média e esperamos retomar o crescimento de faturamento ao patamar pré-pandemia em 2023”, destaca Guilherme Nagamine.
Mercado Livre de Energia
Além do consumidor final que pretende reduzir as despesas com eletricidade por meio da energia solar, o mercado livre de energia também tem incentivado os investidores a construírem usinas de até 5MW (classificadas como minigeração distribuída), para a comercialização de energia. Este setor tem foco principalmente em indústrias e grandes empresas, que buscam tarifas mais competitivas do que as encontradas no mercado regulado.
“Observamos que esse tipo de projeto vem se tornando cada vez mais comum no Brasil e hoje cerca de 30% da energia comercializada no país a grandes consumidores são de usinas de geração distribuída. Além disso, as práticas ESG dentro das empresas estimulam a busca por fontes limpas, reduzindo a pegada de carbono de suas atividades”, destaca Guilherme Nagamine.
De olho nesta demanda, a L8 participa da implantação de duas usinas em Minas Gerais que, juntas, terão 10 MW em potência instalada, o suficiente para abastecer cerca de 6 mil residências por ano. Os projetos são em parceria com a VSG Energia, que atua na geração distribuída, nos municípios de Cláudio e Perdões (MG). “Escolhemos essas cidades por apresentarem as condições ideais para a geração de energia fotovoltaica, em uma região onde existe uma demanda reprimida pelo serviço. Além dessas usinas, temos mais uma em implantação no município de Carmo, no Rio de Janeiro, com boas perspectivas de ampliarmos para outras cidades fluminenses”, explica o diretor da VSG, Vicente Gomes.
Além dos projetos em construção, a L8 participou recentemente da instalação de outras quatro usinas solares, com capacidade de geração entre 1MWp e 5MWp. Todas as plantas foram instaladas em Minas Gerais: uma em João Pinheiro (2100 MWh/ano), duas em Coração de Jesus (2800 MWh/ano e 4100 MWh/ano) e uma em Espinosa (2800 MWh/ano).
Para Leandro Kuhn, CEO da L8 Group, a escolha por Minas Gerais se deve principalmente pela gestão desburocratizada do estado na autorização e homologação dos sistemas fotovoltaicos. “Minas se tornou um dos principais destinos de investimentos no setor e apresenta uma vantagem competitiva em relação a outras unidades da federação. Cada planta dessas gera, em média, 70 empregos diretos e muitos outros indiretos, o que movimenta a economia local”, explica. Não à toa, o estado foi o que teve o maior aumento de capacidade de geração em 2022, com 1.536,1MW instalados, destes 1.176MW de usinas solares, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com dados da ABSOLAR, nos últimos dez anos a fonte solar atraiu mais de R$ 120,8 bilhões em investimentos ao Brasil, resultando na geração de mais de 705 mil empregos e cerca de R$ 38 bilhões em arrecadação. Neste período, os sistemas fotovoltaicos evitaram a emissão de 33,3 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, na geração de energia.