Podemos afirmar que a pandemia da Covid-19 trouxe um novo pensar, um novo senso de urgência para as coisas do dia a dia das pessoas, que em última análise, e de forma simples, direcionará hábitos de consumo, preocupações e interesses durante os próximos anos.
Adicione, neste contexto, a multiplicidade e instantaneidade que a Internet passou a permitir, mesmo com ações restritivas ou manipulativas, fazendo com que as reações ou opções sejam imediatas.
Nessa mesma linha é possível afirmar, também, que se antes as preocupações com o meio ambiente, questões sociais e de governança eram significativas, hoje passaram a ter uma relevância ainda maior, impulsionadas por situações climáticas extremas (recordes de temperaturas positivas e negativas, etc.), pela insatisfação geral com o status das coisas.
A própria internet é uma amostra (bem simples) do que seria a última linha para representar os grandes avanços tecnológicos, em praticamente todos os segmentos de atividades da sociedade.
Com base na análise da convergência de todas estas linhas, propomos um debate e reflexão do que consideramos como tendências principais para a Tecnologia do Agronegócio.
Uma das bases utilizadas para esta análise vem da Embrapa, com a oferta de proposta de qualidade e conteúdo excepcionais, ao demonstrar e certificar a força do agronegócio brasileiro credenciando as instituições do país como referências globais.
A partir das (Mega) Tendências identificadas pela Embrapa, procuramos associar as linhas que ao nosso ver impulsionaram (ainda mais) as tendências visualizadas para o Agronegócio.
Não queremos dizer que uma linha não influencia mais do que as assinaladas; utilizamos desta forma como meio de facilitação para o entendimento de nossa abordagem, sem distorcer ou prejudicar o conteúdo e objetivo da informação.
Antes de abordarmos Tecnologia, vale a menção em ESG – Environmental, Social e Governance. Este é um fator de condicionamento que tem ganhado força como exigência efetiva e de execução para manter a atividade e a presença nos negócios.
A Tecnologia é a grande energia catalisadora das diversas iniciativas, pois permite que as possibilidades e as oportunidades se multipliquem, fomentando a inovação, a transformação do campo e aumentando a produtividade.
Biorrevolução
Quando falamos em biorrevolução, a destacamos como representante dos avanços das ciências biológicas, que, associados ao desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação e comunicação, terão impactos significativos nas economias, saúde, agricultura e energia; na agricultura, avanços biológicos têm sido utilizados para ganhos de produtividade, controle de pragas e geração de novas fontes de energia. (McKinsey Global Institute, 2020.)
Integração de conhecimento e de tecnologias
O rápido processo de desenvolvimento tecnológico, inteligência artificial, digitalização e biorrevolução no agro, acompanhado por avanços disruptivos das ciências na fronteira do conhecimento, transformará os sistemas agrícolas e agroalimentares com maior eficiência, resiliência e sustentabilidade no futuro.
Esse progresso requer o aproveitamento de recursos variados de conhecimentos, por meio da ciência e tecnologia, com nova abordagem de pesquisa convergente, integradora e com equipes transdisciplinares.
Intensificação tecnológica e concentração da produção
Esta megatendência contempla sinais e tendências da produção agrícola brasileira – como intensificação e localização geográfica e do mercado internacional – no que se refere ao crescimento das exportações e acesso aos novos mercados.
Agrodigital
Diversas forças das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) vêm moldando as mais diferentes cadeias produtivas em todos os setores econômicos.
As tecnologias emergentes, como IoT, big data, 5G, realidade aumentada, computação quântica, robótica, sensores, impressão 3D e 4D, integração de sistemas, conectividade ubíqua, inteligência artificial (IA), Machine Learning – ML e blockchain, entre outras, estão impulsionando uma revolução no campo, caracterizando o chamado processo de digitalização do agro.
Essas tecnologias têm impactado o agro de maneira similar ao que ocorreu no setor nas primeiras décadas do século XX, com a mecanização agrícola. Estão causando e causarão ainda mais aumento de rendimento, redução de custos e de impacto ambiental.
Se por um lado a transformação digital representa uma oportunidade, por outro há o desafio de conectividade no meio rural e a ameaça de crescimento do hiato entre o produtor mais tecnificado e aquele incapaz de aderir a esse novo modelo.
Um recente estudo publicado pela McKinsey & Company, - Mckinsey Technology Trends Outlook 2022 - também traz indicativos de alta qualidade, oferecendo um olhar sobre o Agronegócio.
As (Mega) Tendências são divididas em dois grupos:
Silicon Age, que engloba as tecnologias digitais e de informação: são tendências baseadas em tecnologias comprovadas e maduras - IA aplicada, conectividade avançada, bioengenharia e computação em nuvem, borda e tem maior atratividade; são consideradas grandes fatores de inovação, de mais interesse e tem mais investimentos do que tendências baseadas em tecnologias em estágios iniciais de desenvolvimento;
Engineering Tomorrow, que engloba as tecnologias físicas em áreas como energia e mobilidade: são tendências que têm alinhamento próximo às prioridades de sustentabilidade. Essas tendências — chamadas de energia limpa do futuro, consumo sustentável do futuro, e mobilidade do futuro — também começam a mostrar níveis crescentes de inovação, interesse e investimento;
O estudo destaca, ainda, um grupo de ferramentas digitais mais recentes e não totalmente comprovadas, mas que alimentam um conjunto de tendências emergentes: a industrialização de Machine Learning , tecnologias de realidade imersiva, arquitetura confiável (Trust Architecture, Zero Trust Architecture) e identidade digital, software de desenvolvimento de última geração e tecnologia quântica.
Graças a esses níveis de desenvolvimentos disruptivos que a tecnologia da informação oferece, junto com a necessidade por maiores produtividade e eficiência para atender demandas crescentes, esta combinação tem permitido trazer enormes benefícios para o setor do agronegócio, auxiliando as empresas deste ecossistema durante seus processos de transformação digital, com transparência, agilidade e segurança, mantendo este segmento como um dos mais competitivos da indústria brasileira e referência mundial, ao mesmo tempo alinhados com as expectativas da sociedade e de ESG.
Cristian Dias, 33 anos, formado em Agronegócio, Head comercial e de negócios na Agroraiz 360.