O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), Fábio de Salles Meirelles, alerta que a nova elevação da Selic para um patamar anual de 13,75%, conforme deliberou o Copom nesta quarta-feira (3/08), significa pressão adicional sobre os preços dos alimentos, que já vêm sofrendo aumentos no Brasil e no mundo. "Trata-se de um remédio forte e inócuo para tratar o agravamento do IPCA, cujas causas são o encarecimento dos insumos, energia e petróleo e retenção de estoques em vários países, num cenário ainda impactado pela pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia", analisa o dirigente.
Meirelles acentua que a inflação brasileira, assim como ocorre no mundo, não é um fenômeno de demanda, contra o qual juros altos são eficazes, mas sim de oferta. "Para esta segunda causa, não adianta ficar aumentando a Selic. O Brasil está dando dose exagerada de um remédio tóxico para sintomas errados", pondera.
Ademais, o aumento dos juros trava a economia e atinge de modo direto o agronegócio, que precisa de taxas menores para o financiamento da safra e da atividade pecuária. Meirelles frisa que as linhas especiais de crédito do Plano Safra, embora sejam crescentes, são insuficientes para atender todos os produtores. "Pois bem, com a Selic batendo em 14% ao ano, fica muito difícil, ou até impossível, contratar operações de crédito", conclui.
Foto divulgação Nação Agro