Guerra e desafio ambiental podem ameaçar movimento de transição energética no mundo, aponta BCG

Guerra e desafio ambiental podem ameaçar movimento de transição energética no mundo, aponta BCG

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São Paulo, 3 de agosto de 2022 -- Garantir um fornecimento de energia seguro e confiável, com custo acessível e com o mínimo impacto ambiental, está se tornando mais difícil para empresas e governos ao redor do mundo, aponta um novo artigo desenvolvido pelo Boston Consulting Group. No documento, intitulado "The Future of Energy", a consultoria aponta fatores que tornam o desafio da transição energética maior. Entre eles, está o aumento do preço da energia e das commodities em todo o mundo.

Como os custos de energia devem permanecer elevados por um bom tempo, inclusive para os consumidores finais, empresas e governos precisam desenvolver novas estratégias que possam garantir que o desafio da transição permaneça no caminho certo.

Pensando nisso, o artigo do BCG mostra exemplos de novas estratégias que devem ser pensadas para garantir o cumprimento dos objetivos energéticos e apresenta oito cenários para apoiar empresas e governos envolvidos nesses processos. Confira abaixo:

O poder da formulação de políticas

Os formuladores de políticas continuarão a reescrever as regras do jogo nos próximos 12 meses, e o efeito dessas políticas pode durar décadas.

As consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia são o exemplo mais recente de como as preocupações com a segurança energética alteram a direção da política, com impactos na oferta e na demanda em muitas regiões.

Claramente, os eventos geopolíticos têm um impacto significativo na política energética. Mas, diferentemente do passado, a ação climática também é agora um componente crítico do pensamento regulatório, legislativo e do setor.

Novos desafios de segurança energética

A dependência global de hidrocarbonetos provavelmente diminuirá com o tempo. Mas novas dependências de minerais e tecnologias críticas surgirão.

São necessários cerca de US$ 2 trilhões em investimentos para limitar o aquecimento global à meta frequentemente declarada de 1,5 graus Celsius. Esse investimento, por sua vez, criará centros de vantagem econômica e geopolítica para países com fontes prontas de lítio, níquel, terras raras e outros minerais críticos.

Considerações ambientais, sociais e geopolíticas mais amplas também desempenharão um papel cada vez mais importante.

Falta de medidas de eficiência energética

Reduzir o consumo de energia através de um uso mais eficiente é muitas vezes referido como o "primeiro combustível", porque essa abordagem pode reduzir mais o uso e ser implementada com relativa rapidez.

Países estão contemplando ou implementando subsídios para reduzir o impacto de preços mais altos sobre os usuários finais.

Essas políticas terão o impacto oposto das medidas de eficiência, impulsionando a demanda nas margens e potencialmente criando déficits de mercado.

Custos mais altos de descarbonização

Custos mais altos estão forçando os governos a fazer escolhas mais duras entre acessibilidade e descarbonização, uma situação que muitas vezes favorece os combustíveis fósseis no curto prazo.

No Brasil, onde os consumidores podem escolher entre combustíveis com vários níveis de etanol, os preços mais altos da gasolina estão levando as usinas a produzir mais etanol, reduzindo a disponibilidade global de açúcar. Isso aumentará ainda mais os preços.

Além disso, a implementação irregular dos compromissos de redução de carbono das nações da COP26 pode levar a disparidades nos custos de energia entre regiões de alta e baixa ação, uma situação que incentivaria o offshoring.

Investimento do governo e "greenflation"

Os produtores de energia renovável estavam enfrentando restrições antes que a Rússia invadisse a Ucrânia e cortasse o fornecimento.

Agora, investimentos significativos em infraestrutura de energia e gás são necessários para reorientar as redes de fornecimento europeias para longe da Rússia e para as importações de gás natural liquefeito (GNL).

Mas essa mudança levará tempo e dinheiro. E pode levar a bloqueios adicionais na cadeia de suprimentos e à inflação de custos para minerais essenciais para tecnologias renováveis, um fenômeno conhecido como "greenflation".

Maior volatilidade do preço da energia

Os níveis de volatilidade do petróleo Brent aumentaram quase 100% desde fevereiro de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. A volatilidade do preço do gás natural TTF aumentou 26% no mesmo período. A volatilidade também se espalhou para os mercados de carbono.

Como resultado, as empresas de petróleo e gás estão atrasando as decisões de investimento. Os investimentos de baixo carbono correm um risco particular devido à sensibilidade relativamente maior às taxas de juros e porque o acesso ao financiamento está cada vez mais sujeito a comprovação contratual de preços de mercado e preços mínimos.

O impacto de longo prazo das sanções energéticas da UE sobre a Rússia e o mundo em geral continua a ser visto, com o bloco lutando para acelerar as ações devido à dependência de alguns de seus membros das exportações de energia russas. Enquanto isso, está sendo considerada a proibição de segurar cargas de petróleo russo, além de medidas para reduzir a capacidade da Rússia de vender seu petróleo a outros clientes.

 Fornecimento de energia insuficiente

Os investimentos para aumentar a produção de petróleo e gás têm sido muito baixos nos últimos anos, mesmo que o pico de demanda esteja próximo. A crescente importância da segurança energética e a necessidade de reforçar as cadeias de abastecimento exigem um nível de investimento em energia não visto desde 2007.

Cerca de US$ 800 milhões foram gastos em novas tecnologias nos primeiros quatro meses de 2022; nos últimos quatro anos, foram gastos aproximadamente US$ 400 milhões. Embora este seja um nível impressionante de crescimento, ainda está muito aquém do investimento anual total de US$ 3 trilhões a US$ 4 trilhões necessários para financiar a transição energética.

Mesmo antes da guerra na Ucrânia, a energia nuclear estava passando por um renascimento, principalmente no mundo em desenvolvimento. Dado o crescente interesse em uma carga de base de baixo carbono que não esteja vinculada ao fornecimento de hidrocarbonetos, as tecnologias nucleares provavelmente assumirão uma participação maior na matriz energética.

Acesso inadequado à energia no mundo em desenvolvimento

Cem milhões de pessoas perderam o acesso à energia por causa dos impactos econômicos do COVID-19, revertendo o crescimento do acesso ocorrido durante grande parte da década passada. Com os preços mais altos da energia e os desafios de importar os materiais necessários desde a invasão da Ucrânia, o número de pessoas sem acesso à energia aumentará.

O estudo completo do BCG, em inglês,  pode ser acessado pelo link.



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