Muitos imaginam que uma usina de cana-de-açúcar tem como única finalidade produzir açúcar, álcool e outros derivados da cana. Além de rentabilizar com a comercialização dos produtos de origem natural, as indústrias do segmento também podem ser fontes produtoras de energia elétrica, gerando recursos extras significativos para as usinas.
Logicamente que a prioridade dentro de uma usina de cana é que o consumo energético seja direcionado à sua produção. Com a gestão eficiente da biomassa gerada no processo, novos equipamentos foram instalados para gerar um excedente energético para ser vendido.
Essa reserva energética gerada pela cana-de-açúcar pode ser comercializada para companhias do setor de energia e eletricidade. Para isso, é fundamental que as manutenções sejam preventivas para o pleno funcionamento dos equipamentos no período de produção, afinal as interrupções para ações corretivas e de limpeza de alguns equipamentos reduzem a capacidade produtiva das caldeiras, prejudicando, consequentemente, a lucratividade da indústria de etanol no contexto geral.
Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) informam que o Brasil produziu na safra 2021/2022 cerca de 576 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada para produzir 35 milhões de toneladas de açúcar, 29,7 bilhões de litros de etanol, e 20,2 TWh direcionados para a rede elétrica nacional.
A gestão eficiente dentro de uma usina de cana-de-açúcar envolve todas as fases de seus processos. Mas um fator é primordial para a excelência dentro de uma companhia de açúcar: fazer a manutenção no momento certo.
Explico: todas as etapas dentro de uma usina, da entrada da cana-de-açúcar até sua transformação, são altamente intensas, corrosivas e abrasivas, com enorme acidez e impactos. Os equipamentos sofrem enorme processo de desgaste, reflexo de etapas intensas como extração do caldo, moagem da cana, processos com temperaturas extremas, entre outros fatores, tudo isso somado às impurezas minerais e detritos, que tornam o ambiente ainda mais hostil.
Essa sequência de atividades pesadas com alto poder abrasivo pode deteriorar peças e equipamentos com uma velocidade impressionante, o que trará sérios prejuízos a uma usina.
Paralisar uma atividade para reparar ou trocar de equipamento é algo extremamente custoso, tanto na aquisição de máquinas substitutas e serviço, mas principalmente pela perda produtiva, ainda mais se ocorrer durante o período ativo de uma usina, que costuma ser de março a novembro. Ao contrário de outras indústrias, que podem manter atividades durante todo o ano, as usinas de cana concentram suas operações em determinadas fases do ano. Em períodos ativos, cada segundo perdido por reparação ou trocas de equipamentos é computado como prejuízo irreversível.
Maquinários com sinais corrosivos ou outras pequenas avarias tendem a ser inspecionados no período de entressafra e caso não seja feita a correta manutenção, podem parar toda a indústria em seu momento de maior produtividade, onde se consegue trazer a matéria prima do campo para a indústria. Qualquer parada inesperada neste momento acarretará, entre outros problemas, a perda de energia gerada para venda. Grande prejuízo financeiro para o setor sucroalcooleiro e ambiental para o mundo, visto que o CO2 gerado pela queima da biomassa durante a geração da energia é sequestrado pelas lavouras de cana crescendo nas fazendas.
Ações preventivas, como reparos e revestimento de exaustores, trocadores de calor e tubulações, assim como proteção de bombas centrífugas, entre outros, são primordiais para a saúde da usina e das empresas. A atenção redobrada do complexo fortalece as máquinas contra atividades intensas, contribuindo para garantir alta produtividade.
Manter a estrutura em dia e identificar mínimos sinais de desconformidade são infinitamente mais baratos e valiosos do que adotar medidas corretivas, que obrigam a paralisação parcial ou total de determinadas atividades.
Uma gestão segura e proativa em usinas permite entregar o máximo de energia possível utilizando todo recurso de biomassa disponível, rentabilizando o negócio ao máximo possível, além de ajudar ao meio ambiente.
Weder Queiroz é Gerente de Vendas da Henkel