Rio de Janeiro, 23 de junho de 2022 - A Associação Nacional
dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), com apoio da
Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados, enviou nesta
quinta-feira, 23, ofício aos conselheiros e membros do Comitê de Elegibilidade
da Petrobrás notificando-os sobre "inconsistências para a nomeação de Caio
Mário Paes de Andrade à presidência da Petrobrás". O documento sugere que
o nome do indicado de Bolsonaro "seja rejeitado, visto o cenário de
instabilidade que pode acarretar sua nomeação".
A Associação, que reúne petroleiros que também são acionistas da companhia, alerta ainda que "caso o nome seja aprovado, buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários, quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revista".
A notificação da Anapetro observa que Paes de Andrade não atende a requisitos técnicos necessários para o cargo, que são exigidos pela Lei das Estatais e o Estatuto Social da Petrobrás. "O Senhor Andrade não possui notório conhecimento na área, além de ser formado em Comunicação Social, sem experiência no setor de petróleo e energia", diz o documento.
Paes de Andrade não atende, principalmente, aos requeridos A, B, relativos ao tempo exigido de experiência profissional, e C, que, além do tempo de experiência, exige formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado.
Além disso, o candidato não apresentou certificado de conclusão dos cursos que diz ter feito na Duke University e em Harvard University, nos Estados Unidos. O currículo apresentado pelo indicado de Bolsonaro à Petrobrás fala em pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. A Petrobrás exige a comprovação por meio dos certificados.
"O currículo do novo indicado do presidente Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobrás, cujo nome será avaliado nesta sexta-feira (24) pelo Comitê de Elegibilidade da estatal, esbarra em pelo menos dois possíveis impeditivos para sua nomeação: a experiência profissional e a formação acadêmica", escreveu a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosângela Buzanelli, em seus perfis no Twitter e Facebook.
Segundo o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot, "o governo trata a Petrobrás como uma empresa de fundo de quintal em total irresponsabilidade e falta de respeito aos acionistas e à importância da empresa para a sociedade brasileira. Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos colocados à venda".