A Rússia ganhou EUR 93 bilhões em receita com as exportações
de combustíveis fósseis nos primeiros 100 dias da invasão à Ucrânia, apesar da
queda no volume das exportações. A UE importou 61% disso, no valor aproximado
de EUR 57 bilhões, de acordo com o acompanhamento detalhado das exportações
russas de petróleo, gás e carvão e de oleodutos pelo Centro de Pesquisa em
Energia e Ar Limpo (CREA), divulgado hoje (13/06).
As exportações de combustíveis fósseis representam 40% da receita do orçamento federal russo. O ministério das finanças da Rússia destacou que os recursos oriundos das exportações de combustíveis fósseis do país aumentarão substancialmente este ano, e uma parte deste aumento será usada para financiar a "operação especial" na Ucrânia.
O volume total das exportações de combustíveis fósseis da Rússia caiu 15% em maio em comparação com o tempo antes da invasão, e a UE conseguiu cortar as importações diárias da Rússia em 20% em maio, lideradas pela Polônia, países bálticos e nórdicos. Já as receitas aumentaram devido aos altos preços globais dos combustíveis.
O relatório explica que os preços pagos pelo petróleo russo estavam 30% abaixo dos preços do mercado internacional, já que muitos países e empresas evitavam o abastecimento russo. A redução na demanda e a venda com desconto para pagamento em rublos custaram à Rússia aproximadamente 200 milhões de euros por dia em maio. Entretanto, o aumento da demanda global de fósseis fez com que os preços médios de exportação russos fossem em média 60% mais altos do que no ano passado, mesmo se fossem descontados dos preços internacionais.
"É necessária uma ação muito mais forte para cortar o fluxo de dinheiro para a Rússia", afirma Lauri Myllyvirta, analista líder do CREA. "Globalmente, precisamos acelerar a implantação de energia limpa para substituir as importações de combustíveis fósseis e aliviar os altos preços dos combustíveis que estão aumentando as receitas da Rússia",
A China aumentou suas importações de combustíveis da Rússia, ultrapassando a Alemanha como o maior importador, mas a redução no país europeu foi modesta. Os maiores importadores nos primeiros 100 dias foram a China (EUR12,6bln), Alemanha (EUR12,1bln), Itália (EUR7,8bln), Holanda (EUR7,8bln), Turquia (EUR6,7bln), Polônia (EUR4,4bln), França (EUR4,3bln), Índia (EUR3,4bln) e Coréia do Sul (EUR3,4bln).
"Cem dias de sofrimento, morte e destruiçã". Cem dias de crescimento de receitas multibilionárias de combustíveis fósseis russos. Cem dias de perguntas simples: como os países do mundo podem dizer que apoiam a Ucrânia e ao mesmo tempo bombear ainda mais dinheiro para o orçamento estatal russo, permitindo assim a contínua agressão?", perguntou Kostiantyn Krynytskyi, Chefe do Departamento de Energia da ONG Ecoaction.
"Um embargo completo e imediato a todo o petróleo, gás e carvão russos é a chave para a paz na Ucrânia. Não queremos que estes cem dias de guerra se tornem os 'primeiros' de muitos mais", defende Krynytskyi.
"As exportações de petróleo russo para novos mercados estão sendo viabilizadas por empresas gregas e outras empresas de navegação européias", afirma Myllyvirta. "80% dos navios petroleiros que transportam o combustível russo para a Índia e o Oriente Médio, por exemplo, são europeus ou norte-americanos. Este deveria ser o próximo foco de ação da UE."
Fonte Clima Info