A CTG Brasil, uma das líderes em geração de energia limpa no País, inaugurou, nesta sexta-feira (27 de maio de 2022), sua Planta Solar Piloto de Módulos Bifaciais -- capazes de gerar energia com radiação direta do sol e refletida pelo solo. O projeto foi desenvolvido no âmbito de Pesquisa & Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a UNESP Ilha Solteira e o SENAI, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
A Planta Solar está localizada no Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da UFSC, em Florianópolis (SC), e irá contribuir para o desenvolvimento do setor de energia no Brasil por meio da avaliação de desempenho da tecnologia fotovoltaica em diferentes condições de solo e clima brasileiro.
Com investimentos de R$ 7,2 milhões, a planta com rastreamento solar e painéis que giram em torno de um eixo, inclui dois tipos de módulos fotovoltaicos, em quatro solos diferentes, para que sejam estudadas as condições de desempenho ao longo das estações do ano. São avaliados fatores como degradação, sujidade, operação dos equipamentos em extrema irradiância e alta temperatura, além de medições de irradiação global horizontal, albedo, temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do vento. O resultado das medições permitirá a realização de um plano de implementação de futuras usinas solares em todo o País, impulsionando o setor de geração de energia fotovoltaica.
Os módulos bifaciais vêm se tornando um padrão em empreendimentos solares no Brasil, principalmente por serem capazes de produzir mais energia em um mesmo espaço e reduzir custos em sua implementação, quando comparados ao modelo de face única. "Um dos maiores desafios da tecnologia fotovoltaica é a incerteza do desempenho das usinas. Por isso, o estudo de painéis bifaciais em conjunto com diferentes tipos de inversores e montados sobre rastreadores solares, aplicado às condições climáticas e de operação do Brasil, se torna fundamental para aumentar a precisão do funcionamento destas usinas", explica Sergio Fonseca, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da CTG Brasil.
Planta Solar Piloto de Módulos Bifaciais da CTG Brasil na UFSC |
O projeto vai ao encontro da estratégia de inovação da CTG Brasil, que está direcionada à excelência operacional e à gestão de ativos, além da identificação de novas oportunidades que impulsionem os negócios focados em gerar energia 100% renovável. "Estudos como esse contribuirão para melhorar a oferta de energia no futuro, além de praticar preços mais competitivos e reduzir os impactos socioambientais, por serem projetos de geração de energia limpa. É um tema que interessa a toda a sociedade", completa Fonseca.
"Com este projeto, damos mais um passo na direção de dominar a tecnologia e otimizar o desempenho daquela que já é a fonte de geração de energia elétrica que mais cresce em todo o mundo", explica o Prof. Ricardo Rüther, da UFSC. "Os avanços tecnológicos e a redução de preços experimentados pela geração solar nos últimos 10 anos tornaram esta tecnologia muito competitiva. Não é à toa que neste início de 2022 a geração solar já ultrapassou a marca de 1.000 GW no mundo e 15 GW de potência instalada no Brasil. Isso corresponde a cerca de 10% da potência instalada do parque gerador brasileiro e ultrapassa a potência instalada na hidrelétrica de Itaipu, nossa maior usina. Como Programa de P&D ANEEL e a CTG Brasil, estamos também capacitando um grande número de profissionais para atuarem nesta tecnologia em nosso país."
Rodrigo Mello, diretor regional do SENAI no Rio Grande do Norte, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energia Renováveis (CTGAS-ER), destacou o impacto para o setor. "Esse projeto faz uma revolução no desempenho de parques de geração de energia fotovoltaica. Ele traz uma solução inédita para o mercado de energia, que reduz custos, aumenta a competitividade e pode ampliar em muito o interesse por essa fonte de energia", disse Mello.
Entre os ganhos enxergados, o diretor destaca o aumento da produtividade. "A partir do uso de uma placa bifacial e do tratamento dado para ampliar a reflexão da radiação, estamos conseguindo aproximadamente 30% de incremento no desempenho sobre a produtividade original", acrescenta, afirmando que "os primeiros testes sugerem que essa produtividade sobe de 20,8% para 27%. Equipes de pesquisadores nas áreas de meteorologia e engenharia do ISI, localizado em Natal, no Rio Grande do Norte, participaram do projeto.
"Outro ponto de fundamental importância nas instalações de geração solar são os inversores, equipamentos eletrônicos responsáveis pelo processamento da energia gerada e conexão entre a planta e a rede elétrica e essenciais para a eficiência e a longevidade de operação. Pretendemos realizar estudos para melhorar a vida útil do sistema, utilizando informações obtidas na sua operação, bem como análise de falhas e da degradação dos painéis fotovoltaicos. Com essa avaliação, almejamos aumentar a confiabilidade e a eficiência das plantas fotovoltaicas, seguindo a tendência do acelerado avanço tecnológico", afirma Guilherme de Azevedo e Melo, professor da Unesp.