A cooperação técnica do Brasil com a Índia na promoção do
etanol como solução de baixo carbono para a mobilidade sustentável será tema do
painel “Perspectivas para o setor sucroenergético na Índia”, nesta
quarta-feira, 11 de maio, durante a 15ª edição da CITI ISO DATAGRO New York
Sugar & Ethanol Conference, em Nova Iorque, Estados Unidos.
Participam do painel o presidente da União da Indústria de
Cana-de-Açúcar (UNICA), Evandro Gussi, e o presidente da Associação de Engenhos
de Açúcar da Índia, Aditya Jhunjhunwala. A abertura do painel caberá ao
deputado federal Arnaldo Jardim, presidente da Frente Parlamentar pela
Valorização do Setor Sucroenergético no Congresso brasileiro.
“Mais do que um parceiro estratégico do Brasil nessa agenda,
a Índia tem todas as condições de se tornar um importante player na Ásia na
pauta sobre descarbonização da matriz de transportes”, afirma Evandro Gussi.
“Há quase três anos, iniciamos essa parceria e já temos bons resultados”,
avalia.
Avanços
Desde 2019, a UNICA vem intensificando a cooperação com os
indianos, ressaltando os benefícios ambientais e socioeconômicos da produção e
uso de etanol como fonte de energia renovável e sustentável para a mobilidade.
Um dos resultados dessa parceria é a decisão do governo indiano de antecipar em
cinco anos, para 2025, a meta de misturar 20% de etanol à gasolina.
O país asiático também anunciou, no fim do ano passado, que
iniciará, a partir do segundo semestre de 2022, a produção de carros com
motores flex fuel, tecnologia brasileira que permite a utilização de 100% de
etanol nos veículos – ou a mistura de qualquer percentual do biocombustível com
o seu equivalente fóssil. No Brasil, os veículos flex estão em circulação desde
2003.
Ainda com o intuito de consolidar uma agenda integrada para
a redução de emissões na matriz de transporte veicular na Índia, a UNICA e a
Associação dos Fabricantes dos Automóveis Indianos (SIAM) firmaram, em abril,
um memorando de entendimento. Uma das ações prevê a criação do Centro Virtual
de Excelência em bioenergia, portal que reunirá informações sobre avanços
tecnológicos, normas técnicas, regulamentos, políticas públicas e
sustentabilidade.
No mundo
O Brasil é o segundo maior produtor global de etanol, atrás
apenas dos Estados Unidos, que produz o biocombustível a partir do milho. Mais
de 60 países têm mandato para uso de etanol na matriz de transportes. Os
benefícios do biocombustível para a saúde pública e para o meio ambiente têm
levado, cada vez mais, ao aumento da mistura. Exemplo é o Reino Unido, que
decidiu ampliar a mistura de etanol à gasolina de 5% para 10%.
Já a Guatemala, país que ainda não tem mandato para a
mistura, avança em seu plano de implementar a mistura de 10% de etanol na
gasolina. Na semana passada, a UNICA promoveu um seminário na capital
guatemalteca para debater os benefícios e desafios do uso de etanol. O
seminário Ethanol Talks Guatemala foi realizado em parceria com o Ministério
das Relações Exteriores, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (ApexBrasil) e APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool).
Participaram especialistas, autoridades e técnicos do poder público, da
indústria e da academia.
Nova Iorque
A Conferência CITI ISO DATAGRO New York Sugar & Ethanol,
que reúne sete painéis ao longo do dia 11 de maio, tem por objetivo discutir as
principais questões das indústrias mundiais do açúcar e do etanol. Participam
autoridades, produtores, líderes empresariais e traders de mais de 12 países.
O evento é realizado pela Organização Internacional do
Açúcar (ISO) em parceria com a DATAGRO. Recebe apoio estratégico da UNICA, dentro
do projeto setorial desenvolvido com ApexBrasil. Desde a sua primeira edição, a
conferência é reconhecida como o evento técnico oficial do Sugar Dinner de Nova
Iorque e se tornou tradição estabelecida na comunidade mundial do açúcar e do
etanol.
Além da perspectiva de mercado para açúcar e etanol no
Brasil e na Índia, estão na pauta deste ano a ordem de oferta e demanda mundial
para as safras de cana-de-açúcar 2021/22 e 2022/23; o papel do etanol enquanto
combustível propulsionador de projetos de mobilidade sustentável; e
investimentos, fluxos mundiais de comércio, inovações e tendências tecnológicas
do setor.