Especialistas reforçam oportunidades de alavancar a digitalização do campo através do uso mais efetivo dos dados recolhidos nas operações.
As tecnologias de automação de máquinas estão cada vez mais presentes no dia a dia dos produtores e gestores rurais. Em pesquisa realizada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), por exemplo, 65,6% dos entrevistados relataram que usam softwares de agricultura de precisão em suas produções. No entanto, especialistas na área indicam que ainda há muito a se avançar para um campo integrado e digital — há lacunas, em especial, quando falamos de monitoramento de operações.
"Nos últimos anos, vivemos uma grande popularização das soluções voltadas à automação, sobretudo devido à ampliação do conhecimento dos benefícios que elas podem trazer. Por conta disso, temos diversas máquinas agrícolas trabalhando com displays embarcados, executando funções relacionadas à agricultura de precisão", aponta Bernardo de Castro, presidente da divisão de Agricultura da Hexagon — empresa que desenvolve e fornece soluções digitais agrícolas e florestais. Como demonstrado pelo mesmo estudo da Famasul, é possível ter um aumento de até 29% na produtividade e uma redução média de 23% nos gastos com insumos com uso desse tipo de tecnologia.
Bernardo destaca, porém, que essa digitalização está gerando dados extremamente relevantes que ainda são pouco utilizados. "Vemos hoje que há uma oportunidade no mercado de expandir tecnologias a partir de bases já instaladas de displays e sensores. Estamos investindo cada vez mais nessa ideia de alavancar ferramentas que fazem automação, incrementando tecnologias que já são utilizadas no campo para o monitoramento das operações", explica o presidente da divisão de Agricultura da Hexagon.
A ideia de incentivar o uso mais intensivo de dados que estão sendo gerados pelos equipamentos em campo é uma tendência que deve crescer nos próximos anos. No estudo "Agricultura Digital no Brasil", lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 2020, a maioria dos agricultores e empresas agrícolas entrevistadas ressaltaram a necessidade cada vez maior do uso das tecnologias digitais para, principalmente, a obtenção de informações e planejamento das atividades da propriedade (67,1%) e a gestão da área rural (59,7%).
Já é possível utilizar os mesmos dispositivos que realizam funcionalidades de agricultura de precisão — como controle avançado de operações, aplicação de insumos e piloto automático, por exemplo — para o monitoramento de frotas. Assim, os gestores têm a visão do que está ocorrendo e a garantia de que o desempenho máximo de cada máquina está sendo executado. Confira três soluções que ajudam no monitoramento agrícola e florestal:
Monitoramento de máquinas
Com auxílio da automação por workflow, o HxGN AgrOn Monitoramento de Máquinas gerencia informações sobre as máquinas e frotas em campo, registrando de segundo a segundo a posição e a atividade que está sendo realizada no cultivo e na colheita.
Esse monitoramento também pode ser integrado com sensores pré-existentes na máquina e permite a configuração de alarmes para determinadas situações. Relatórios sobre rendimento, produtividade, distância, velocidade, entre outros pontos, são gerados para análise.
Sala de controle
Existem tecnologias que permitem que todo o monitoramento do campo aconteça à distância. Um exemplo é o HxGN AgrOn Sala de Controle, software que permite o acompanhamento em tempo real de tudo o que acontece na lavoura diretamente de uma central de comando remota.
A solução funciona a partir da transferência de informações dos computadores de bordo das máquinas agrícolas para a nuvem da sala de controle por meio de canais de comunicação 3G, 4G, Wi-Fi ou satelital. Com isso, gestores podem tomar decisões e realizar intervenções rápidas sempre que necessário, mesmo estando longe da produção.
Rastreabilidade de matéria-prima
Para além do campo, também é possível monitorar todo o caminho realizado pela matéria-prima, desde sua origem até a entrega na indústria. O HxGN AgrOn Rastreabilidade de Matéria-Prima, por exemplo, é uma solução instalada em colheitadeiras, transbordos e carretas de caminhões para realizar o rastreio de cana-de-açúcar.
"Além da localização exata de toda a produção, esse tipo de tecnologia coleta informações como a área e o tempo de duração da colheita, aumentando a qualidade e a agilidade das operações e superando a falta de infraestrutura para rastreio de cargas no campo", reforça Bernardo de Castro. A intervenção humana também é reduzida, com a dispensa de apontamentos manuais e etiquetas de identificação da matéria-prima durante o percurso.