Da Redação
A safra 2024/2025 na região Centro-Sul do Brasil apresentou resultados mistos, destacando desafios na produção e avanços nas vendas de etanol, segundo dados divulgados pela UNICA. A moagem de cana-de-açúcar na segunda quinzena de dezembro registrou uma expressiva redução de 64,86% em relação ao mesmo período da safra anterior, atingindo apenas 1,73 milhão de toneladas. No acumulado da safra até 1º de janeiro, o total moído foi de 613,6 milhões de toneladas, queda de 4,75% frente às 644,2 milhões do ciclo anterior.
Menor produção de açúcar e destaque para o etanol de milho
O desempenho do açúcar reflete a menor disponibilidade de matéria-prima. Apenas 63,52 mil toneladas foram produzidas na segunda quinzena de dezembro, uma redução de 73,12% em comparação ao mesmo período da safra 2023/2024. No acumulado, a produção atingiu 39,78 milhões de toneladas, 5,42% a menos que o ciclo anterior.
Já o etanol teve um cenário distinto. A produção totalizou 485,66 milhões de litros na segunda metade de dezembro, com destaque para o etanol de milho, que respondeu por 82,79% do volume produzido no período. A fabricação desse biocombustível apresentou um salto de 43,92%, alcançando 402,08 milhões de litros, enquanto no acumulado da safra chegou a 6,03 bilhões de litros, alta de 30,86%.
Vendas aquecidas sustentam mercado interno
As vendas de etanol em dezembro somaram 2,95 bilhões de litros, registrando crescimento de 2,55% em relação ao mesmo mês da safra anterior. No mercado interno, a comercialização de etanol hidratado caiu 1,7%, enquanto o anidro avançou 15,54%. No acumulado da safra, as vendas totalizaram 26,78 bilhões de litros, alta de 11,84%, com destaque para o hidratado, que cresceu 20,34%.
O diretor de Inteligência Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues, destacou que o aumento da oferta de etanol de milho e estoques elevados foram fatores determinantes para sustentar as vendas, mesmo diante da menor moagem de cana. Rodrigues afirmou ainda que o volume disponível nas usinas e a produção de etanol de milho no início de 2025 garantem o abastecimento do mercado interno durante a entressafra.
Mercado de CBios com excedente para 2025
Outro destaque foi o mercado de Créditos de Descarbonização (CBios). A meta compulsória de 2024 exigiu a aposentadoria de 38,78 milhões de CBios, enquanto a emissão total atingiu 50,04 milhões, gerando um excedente de 16 milhões de créditos disponíveis para negociação em 2025. Esse saldo já equivale a um terço da meta estipulada para o ano.
Com esses resultados, o setor sucroenergético mostra-se resiliente e bem estruturado para atender às demandas do mercado interno, mesmo diante de desafios na produção de cana-de-açúcar. A diversificação com o etanol de milho e a consolidação do mercado de CBios reforçam a sustentabilidade e competitividade do setor.