Nas últimas semanas de 2024, o mercado global de açúcar registrou baixa atividade, reflexo das festividades de fim de ano e da relativa estabilidade dos preços ao longo do último trimestre.
Segundo Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, mesmo diante de desafios climáticos como seca e incêndios, a região Centro-Sul do Brasil apresentou resultados surpreendentes. "A safra atual deve atingir 620 milhões de toneladas de cana e 40 milhões de toneladas de açúcar, impulsionada por condições climáticas favoráveis, o que aumenta o otimismo para 2025/26 e pressiona os preços para baixo", afirmou a analista.
Os números de moagem no Centro-Sul já superaram expectativas, alcançando 603 milhões de toneladas. A alta produção da região, combinada com a recuperação prevista em outros países produtores, fez com que os preços recuassem para 19c/lb e enfrentassem dificuldades para se recuperar.
Índia e Tailândia: Oscilações na Produção
No Hemisfério Norte, a produção de açúcar da Índia está 17,8% atrasada devido às chuvas e festividades locais. A moagem em dezembro de 2024 foi semelhante à de 2023, mas a produção de novembro foi 1,5 milhão de toneladas menor. "Embora nossa previsão de 31 milhões de toneladas seja mantida, fatores como doenças e redução de área merecem atenção", destacou Lívea Coda.
Já na Tailândia, chuvas acima da média favoreceram a safra, com aumento de 6% na produção de açúcar nos primeiros 20 dias da temporada. O volume alcançou 1,4 milhão de toneladas, alinhando-se aos números de 2022/23.
América Central: Atrasos e Recuperação
A América Central enfrentou atrasos na safra, o que impactou a produção inicial na Guatemala e em El Salvador. A moagem na Guatemala ficou abaixo de 500 mil toneladas, contra mais de 2 milhões no mesmo período do ciclo anterior. Já El Salvador produziu 83 mil toneladas de açúcar, frente a 136 mil na última temporada. Apesar disso, há expectativa de recuperação ao longo da safra.
Cenário Macroeconômico e Impactos no Brasil
O mercado europeu, com maior disponibilidade de açúcar, limitou ganhos no prêmio do açúcar branco. No cenário macroeconômico, um dólar forte e um real desvalorizado incentivaram produtores brasileiros a fixar contratos para safras futuras, exercendo pressão adicional nos preços do açúcar no curto prazo.
Com perspectivas de safra recorde no Brasil e fatores climáticos favoráveis em regiões produtoras globais, o mercado deve se manter competitivo em 2025. A recuperação na produção da Índia e da América Central será crucial para equilibrar a oferta global e definir as tendências de preços ao longo do ano.