Incêndios e clima adverso no Centro-Sul forçam revisão na produção de açúcar e geram incerteza no mercado

Redução de 700 mil toneladas na estimativa de produção e déficit global de 1,3 milhão de toneladas entre 2024 e 2025 reforçam cenário de alta para o p

Incêndios e clima adverso no

Da Redação

O relatório recente da Hedgepoint Global Markets destaca um cenário desafiador para a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, com incêndios e condições climáticas adversas alterando significativamente as expectativas iniciais para a produção de açúcar. Há um ano, o panorama era de uma safra mais promissora, mas, segundo Lívea Coda, analista de Açúcar da Hedgepoint, o contexto atual exige revisões sucessivas nas estimativas de produção devido aos eventos climáticos desfavoráveis.

De acordo com o relatório, cerca de 400 mil hectares de cana foram afetados pelos recentes incêndios, dos quais 60% eram de cana mais velha e 40% estavam prontos para a colheita. O impacto direto será sentido na qualidade e pureza da matéria-prima, reduzindo a eficiência e aumentando os custos de produção com tratamentos adicionais, como o uso de fertilizantes e pesticidas. Além disso, o relatório aponta que os incêndios comprometem a otimização da colheita, embora haja um leve aumento no ATR (Açúcares Totais Recuperáveis).

Como resultado dessas adversidades, a Hedgepoint revisou o mix de produção de açúcar para baixo, ajustando de 49,1% para 48,6%, um valor bem abaixo das estimativas iniciais do mercado, que apontavam para 52%. A queda também foi observada na projeção de colheita de cana, que passou de 614 milhões de toneladas para 610 milhões, o que deverá impactar diretamente na produção total de açúcar, que foi reduzida de 40,3 milhões de toneladas para 39,6 milhões, uma diferença de 700 mil toneladas.

Esse ajuste na produção de açúcar terá repercussões nos fluxos de exportação e já reflete o posicionamento especulativo do mercado. Fundos de investimento começaram a levar em consideração os problemas de disponibilidade previstos para o período de entressafra no Brasil, criando um cenário de suporte para os contratos futuros de açúcar.

Embora algumas regiões do Hemisfério Norte, como Tailândia, Índia, EUA e Europa, estejam se preparando para uma recuperação parcial, a produção não será suficiente para compensar as perdas brasileiras. Isso deve resultar em um déficit global de 1,3 milhão de toneladas entre o terceiro trimestre de 2024 e o terceiro trimestre de 2025, o que poderá sustentar os preços do açúcar em patamares elevados.

A disponibilidade de açúcar no Brasil continuará sendo um fator determinante para o equilíbrio global. Caso a safra 2025/26 mostre um bom desenvolvimento, o quarto trimestre de 2025 poderá ser mais confortável, com a pressão de baixa sobre os preços se intensificando a partir do segundo trimestre de 2025. No entanto, a proximidade do vencimento do contrato de outubro deste ano demanda atenção ao comportamento dos participantes do mercado, que já começam a pressionar os preços para cima.

Em resumo, o cenário de curto prazo aponta para um período de restrição nos fluxos comerciais de açúcar, com impacto direto nos preços e no comportamento do mercado global, especialmente durante a entressafra brasileira.

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