Por: Wilson Nascimento
Os recentes incêndios que devastaram o interior de São Paulo trouxeram à tona uma situação de emergência que exige uma resposta rápida e coordenada. Entre sexta-feira (23) e sábado (24), mais de 2.100 focos de incêndio foram registrados, consumindo cerca de 59 mil hectares e gerando um prejuízo estimado em R$ 350 milhões para as propriedades de cana-de-açúcar. Estes números não apenas destacam a magnitude da crise, mas também a urgência de ações efetivas para mitigar os danos e apoiar os afetados.
A ORPLANA, que representa mais de 12 mil produtores de cana-de-açúcar, fez um balanço preliminar dos impactos, revelando uma redução de até 50% na produtividade das lavouras de cana. A destruição da biomassa afetou diretamente os preços do etanol e do açúcar, além de comprometer o canavial do próximo ciclo. O CEO da ORPLANA, José Guilherme Nogueira, destacou a gravidade da situação e a necessidade urgente de suporte adicional.
O pacote de ações no valor de R$ 10 milhões anunciado pelo governo federal para ajudar os produtores é um passo importante, mas não é suficiente para enfrentar completamente a crise. Medidas adicionais, como incentivos para a compra de caminhões-pipa e a redução dos juros para esses equipamentos, são cruciais para garantir que os produtores possam se proteger e recuperar suas propriedades. É essencial que as autoridades e o setor privado se unam para fornecer o suporte necessário para enfrentar esses desafios.
A recente frente fria trouxe alguma alívio temporário, com a chuva amenizando a situação. No entanto, as previsões meteorológicas indicam que as condições secas e quentes devem persistir, o que aumenta a preocupação com a possibilidade de novos incêndios. A ORPLANA e o Gabinete de Crise do Governo do Estado estão trabalhando juntos para prevenir novos incidentes e minimizar danos adicionais, mas a preparação para futuros desafios deve ser uma prioridade.
Além das medidas de resposta imediata, é crucial reforçar o compromisso com a sustentabilidade e a proteção ambiental. A adesão ao Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde, que proíbe o uso do fogo na colheita de cana em São Paulo, é uma demonstração do comprometimento do setor com práticas responsáveis. Contudo, a questão das queimadas criminosas continua a ser uma preocupação significativa, exigindo uma abordagem mais rigorosa para prevenir e combater essas ações destrutivas.
O momento exige uma resposta integrada e eficaz de todos os setores envolvidos. A crise atual é um lembrete da vulnerabilidade do nosso meio ambiente e da necessidade de um compromisso contínuo com a sustentabilidade. Só com esforços conjuntos poderemos superar os desafios impostos pelos incêndios e garantir a proteção dos recursos naturais e da economia agrícola.
Wilson Nascimento diretor executivo do Portal Cana da Cana