Por Adalberto Bem Haja
O agronegócio brasileiro tem se destacado como um dos principais motores da economia nacional, contribuindo significativamente para o PIB e a geração de empregos. No entanto, junto ao crescimento e à prosperidade desse setor, tem-se observado um alarmante aumento nos casos de roubos, furtos e invasões de propriedades rurais.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um crescimento de 15% nos registros de crimes rurais entre 2020 e 2023. Além disso, uma pesquisa realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontou que 73% dos produtores rurais entrevistados já foram vítimas de algum tipo de crime em suas propriedades.
No recente evento AgriHub Connection, o tema central foi agrossegura, abordando inovações tecnológicas voltadas para a proteção do setor agropecuário. O evento contou com três palestras que exploraram diferentes aspectos da segurança no agro, destacando a importância de investir em tecnologia para prevenir perdas e melhorar a eficiência operacional.
Um dos casos apresentados mostrou a implementação de um sistema de segurança robusto após um grande assalto sofrido por uma distribuidora de insumos agrícolas e pecuários do país há alguns anos. Antes do incidente, a empresa não tinha uma cultura de investimento em segurança. No entanto, após o assalto, foram instalados sistemas modernos de câmeras, controle de acesso e uma central de monitoramento centralizada, capaz de supervisionar todas as lojas, aberturas, fechamentos e alarmes.
Durante o evento foi enfatizado que a ausência de incidentes não se deve apenas à sorte, mas ao fato de que os criminosos passaram a direcionar suas atividades para outras empresas que não adotaram medidas de segurança similares. Esse caso demonstra claramente a eficácia de um bom sistema de segurança e a importância de gestores apresentarem dados e resultados concretos para justificar os investimentos em segurança à alta direção das empresas.
Desafios e soluções de segurança no agro
O evento ainda abordou os diversos problemas de segurança enfrentados pelo setor agropecuário, como roubo de estoques e defensivos agrícolas, vandalismo e desvios internos. Foi destacada a importância de enxergar a segurança não como um custo, mas como um investimento essencial para proteger a lucratividade e a integridade das operações.
A segurança no agro vai além da proteção contra invasões, abrangendo também a prevenção de má conduta e desvios internos. Rodrigo salientou que investir em tecnologias de segurança resulta em uma empresa mais protegida, auditada e com menor índice de perdas, o que, por sua vez, gera economia e aumenta a competitividade do negócio.
As tecnologias mais inovadoras disponíveis no mercado de segurança eletrônica para o setor agropecuário também tiveram destaque. Dentre as soluções apresentadas, destacaram-se drones com câmeras equipadas com inteligência artificial para proteção perimetral de grandes áreas, câmeras em nuvem com funcionalidades avançadas de leitura de placa, identificação facial e comportamento, e geradores de neblina.
O gerador de neblina, em particular, chamou a atenção por sua eficácia em impedir roubos em ambientes de estoque de defensivos agrícolas. Em poucos segundos, a neblina preenche o ambiente, impossibilitando a visibilidade do invasor e impedindo o furto. Essa tecnologia se mostrou uma solução eficiente e inovadora para resolver problemas críticos de segurança no agro.
Os cases apresentados e as inovações tecnológicas discutidas demonstraram que a segurança é um investimento estratégico que pode prevenir perdas significativas e melhorar a eficiência operacional. Ao adotar uma mentalidade de segurança como investimento, as empresas do agro podem proteger seus ativos e garantir um futuro mais seguro e próspero.
Adalberto Bem Haja é Engenheiro Eletrônico com MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela FGV, empreendedor desde os 17 anos. Atualmente, é CVO da Bycon, Investor Advisor e Embaixador da Bossanova Investimentos, investe em mais de 120 startups.