Revolução no campo: como a agricultura de precisão está transformando a produção brasileira

Por Elizeu dos Santos

Revolução no campo: como a

Por Elizeu dos Santos

A agricultura brasileira tem vivenciado uma verdadeira revolução tecnológica, onde a coleta e análise de dados desempenham um papel crucial. No Brasil, o uso de informações precisas no campo está em um estágio avançado, com várias fontes e métodos sendo utilizados ao longo do ciclo da lavoura. Estas informações são integradas em plataformas digitais e bancos de dados que, por meio de machine learning e algoritmos, transformam bases brutas em recomendações práticas e assertivas para manejo e instalação de lavouras. Esta capacidade de decifrar e empregar dados de forma integrada é um divisor de águas para a qualidade, produtividade e economia no campo.

A máquina agrícola é um componente vital neste ecossistema, funcionando como um hub de coleta, envio e execução de dados em tempo real. Por exemplo, a aplicação de insumos em taxa variável, que otimiza a quantidade de insumo conforme o potencial de cada área, é uma prática que já beneficia diversas propriedades no Brasil com resultados notáveis. Os dados impulsionam a agropecuária de inúmeras formas. Tecnologias embarcadas nas máquinas agrícolas transformam dados em decisões que otimizam desde a pulverização até a logística de operações, reduzindo desperdícios e melhorando a eficiência. Exemplos incluem o ajuste de operações de pulverização baseado em dados climáticos momentâneos e a utilização de telemetria para otimização logística, resultando em economias significativas de combustível e tempo.

A tecnologia já revolucionou o setor agrícola e promete avanços ainda mais significativos. Desde a transição da tração animal para a mecanização, passando pelo uso de sementes híbridas e biotecnologias, até a atual era da agricultura de precisão baseada em dados e sistemas de geoposicionamento, cada avanço tem alavancado a produtividade e eficiência. As próximas fronteiras tecnológicas incluem robótica, automação, inteligência artificial, aprendizado de máquinas, sensoriamento massivo e a Internet das Coisas (IoT), que irão continuar a transformar o setor.

Os principais dados coletados para agricultura de precisão incluem informações sobre solos, clima, lavouras e consumo de máquinas. A interdependência desses dados, especialmente os de solo, clima e produtividade de variedades, continua a ser um desafio. Trabalhos recentes da UNESP e da Embrapa Soja, utilizando redes neurais, indicam que fatores como o uso de calcário e altura das plantas ainda influenciam significativamente a produção, demonstrando a necessidade contínua de entendimento e integração desses dados para maximizar a eficiência.

A integração de dados de diversas ferramentas e plataformas é essencial para uma visão abrangente e otimizada da produção agrícola. Ecossistemas de inovação têm surgido para facilitar essa integração, e o crescimento dos prestadores de serviços de agricultura de precisão tem sido fundamental nesse processo. Segundo a Associação Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital (AsBraAP), uma parcela significativa das áreas de soja, cana e algodão no Brasil já utiliza dados integrados e taxas variáveis para melhorar resultados. Casos de sucesso de produtores que utilizam agricultura de precisão são abundantes. Participantes do projeto Optimus da GDM e do concurso CESB de produtividade, por exemplo, têm alcançado produtividades superiores a 100 sacas de soja por hectare, demonstrando o potencial das tecnologias de precisão.

A Fendt, marca da AGCO, está na vanguarda da inovação em agricultura digital. A empresa acredita que existe uma oportunidade para aumento na rentabilidade das fazendas em torno de 20% nos próximos cinco anos devido aos ganhos de produtividade ao longo do ciclo das culturas e a redução de custos ao longo do processo por meio das tecnologias embarcadas em suas máquinas, conjugadas com o universo dos dados. Tecnologias embarcadas em equipamentos como o pulverizador Rogator 900, com gestão que controla a pulverização em tempo de milissegundos e volume de milímetros de calda, inclusive com a possibilidade de injeção direta de produto na calda, que é uma tecnologia única no Brasil, vem crescendo exponencialmente pelos ganhos que essa modalidade de aplicação traz. Toda tecnologia é aliada com a possibilidade de integração de dados das lavouras, como por exemplo, a aplicação localizada, especialmente para plantas daninhas e pragas em reboleiras. Os ganhos em redução de custos e eficiência de aplicação são da ordem de 15%.

Também podemos citar a plantadeira Momentum, que tem a exclusiva tecnologia de DeltaForce. Essa tecnologia permite 200 leituras por segundo da pressão da linha de plantio no solo ao mesmo tempo que se autoajusta ao ambiente de plantio. Aliada aos trabalhos de agricultura de precisão com taxa variável (que são práticas altamente dependente de dados) a tecnologia tem possibilitado ganhos de até 6 sacas por hectare de soja e de até 13 sacas de milho, quando bem utilizada. Essas tecnologias exemplificam como dados podem ser usados para aumentar a produtividade e reduzir custos.

O futuro da agricultura digital inclui projetos ambiciosos de automação e robótica, como o Xaver, que promete revolucionar o plantio com precisão milimétrica. Estas inovações continuarão a proporcionar novos ganhos e transformar a agricultura brasileira em um setor cada vez mais tecnológico e eficiente. Recentemente, a AGCO lançou a PTx, uma marca dedicada à agricultura de precisão e digital, consolidando tecnologias da Precision Planting e PTx Trimble. A junção dessas tecnologias permitirá a AGCO ter grandes e rápidos avanços no mundo da integração de tecnologias e dados, não somente no ecossistema AGCO, mas com todos os demais ecossistemas predominantes na agricultura mundial.

Estamos apenas começando a explorar o vasto potencial dos dados na agricultura, e a Fendt está comprometida em liderar essa transformação, ajudando agricultores a alcançar novos patamares de produtividade e sustentabilidade por meio de insights coletados diretamente do campo. 


Elizeu dos Santos, gerente de Marketing de Produto Fendt e Valtra

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