Autor do termo “carbon kidnappe“, Dobashi defende a produção de alimento de forma cada vez mais sustentável
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul, André Dobashi, sinaliza que tanto a agricultura como a pecuária, estão se dedicando há algum tempo em iniciativas que vão ao encontro da nova meta brasileira, divulgada na COP 26, que pretende neutralizar a emissão de gases do efeito estufa até 2050. Mato Grosso do Sul, por exemplo, deve atingir esta meta 20 anos antes, por meio de estratégias já desenhadas e desempenhadas pela classe produtora e Governo do Estado.
“Nossa preocupação está em produzir alimentos para um mundo cada vez mais populoso, e alimentos que sejam sustentáveis. Neste contexto, divulgamos a representantes de outros países o termo ‘raptador de carbono’, em inglês: ‘brazilian carbon kidnapper’, fazendo referência, de forma ilustrativa, ao processo de sequestro de carbono, bastante praticado em Mato Grosso do Sul, na mitigação dos efeitos dos gases estufas”, explica o presidente da Aprosoja/MS, fazendo referência à troca de experiências que ocorreu na Bélgica, Global Farmer Network, dias antes da COP 26.
“Como estamos bem alinhados com o governo estadual, nessa missão de tornar Mato Grosso do Sul carbono neutro até 2030, conseguimos levar uma mensagem muito clara, sobre iniciativas da agricultura de baixo carbono brasileira, que já estão encaminhadas, a fim de se atingir a meta lançada na COP”, completa.
Entre as iniciativas destacadas a produtores rurais de 12 países, de diferentes continentes, Dobashi apresentou diferentes formas de sequestro de carbono, já habituais em MS, via plantio direto, com rotação de culturas, cultivo de milho consorciado com braquiária, sempre vinculando os resultado sustentáveis à pesquisa, desenvolvida pelas fundações, mantidas por produtores rurais e pelo Governo do Estado, na mesma forma como acontece em Goiás, conforme testemunhou outro representante brasileiro, o agricultor, Charles Peeters, ligado à Aprosoja/GO.
“A principal mensagem que passamos a outros países, é que conseguimos fazer uma agricultura de baixo carbono dentro de uma propriedade sul-mato-grossense, pautada em tecnologia. Essa tecnologia recebemos das nossas próprias associações e fundações de pesquisas, que empregam as boas práticas, levam para âmbito acadêmico e depois entregam, com resultados comprovados, para o produtor. E essas estratégias sustentáveis, ainda podem ser financiadas por entidades financeiras, em todo território nacional”, sinaliza Dobashi.
Além das iniciativas sustentáveis, que buscam neutralizar a emissão de gases, no Global Farmer Network, que antecedeu a COP 26, Dobashi destacou problemas originados do mau uso de tecnologias e da comunicação, entre os próprios produtores rurais. “A falta de conectividade rural não é uma exclusividade do Brasil, por isso, debatemos com insistência e verificamos que estar conectado é a única forma para se analisar e processar, a quantidade gigantesca de dados que a gente retira dos sensores, das estações, das plataformas de geração de dados, que temos nas fazendas, importantes para as tomadas de decisões e atuação das operações quando estão acontecendo”.