De acordo com a Superbac, detentora da biofábrica mais moderna da América Latina, cada vez mais empresas estão compreendendo que a sustentabilidade oferecida pela biotecnologia não somente gera competitividade econômica e ganhos ao meio ambiente, como também fornece benefícios estratégicos valiosos de reforço de imagem institucional
Uma recente pesquisa produzida pela Bloomberg revela que 92% dos executivos de indústrias pretendem elevar seus investimentos em ESG em 10%. Cerca de 18% deles ousarão ainda mais, ampliando os gastos para 50% em seu próximo ano fiscal. O termo em inglês, que se refere a adoção de práticas Ambientais, Sociais e de Governança, se tornou vital, especialmente para o desempenho de empresas que atuam com processos produtivos.
A biotecnologia tem agregado valor importante, principalmente no E, de Environment e também no S, de Social. As aplicações ambientais são amplas como na agricultura, que é uma das áreas com mais desafios de sustentabilidade. As biosoluções são realizadas em nutrição de plantas e regeneração do solo, por meio de fertilizantes biotecnológicos, ricos em bactérias, com macro e micronutrientes.
De acordo com Adriana Bondrani, diretora da Biofocus Hub e doutora em biologia e bioquímica molecular, a área de soluções sustentáveis, os setores ligados à utilização da biodiversidade e à biotecnologia ambiental, são emergentes no cenário da biotecnologia no Brasil. “No primeiro caso, pela necessidade de seleção de plantas, microrganismos e animais nativos com o intuito de se decifrar genomas, genes e moléculas de valor econômico. No segundo, no tratamento e utilização de efluentes industriais e biorremediação”, explica.
Heterogênea
A busca por biotecnologia como reforço de ESG também está presente na aquacultura, nas indústrias frigoríficas e de laticínios, de cosméticos, de óleo e gás e no setor Pet (com eliminador biológico de manchas e odores). Há avanços e pesquisas significativas no desenvolvimento de bioplásticos, de detergentes enzimáticos, de biocombustíveis, no concreto para construção civil, como insumo na indústria têxtil e até no cultivo de carnes em laboratórios.
Todas as empresas que necessitam de um elevado consumo de água em seus processos e acabam gerando quantidades significativas de efluentes têm contratado soluções biotecnológicas que oferecem ganhos econômicos, de produtividade e de reforço de imagem em ESG.
Os microrganismos agem em sistemas de tratamento (ETEs, lagoas e tanques) e até na despoluição de lagos e rios. Eles diminuem o volume de matéria orgânica tóxica das águas e melhoram a oxigenação, tornando-as mais limpas para que a vida retorne nesses locais.
Segundo Monique Zorzim, gerente de Novos Negócios da Superbac, há um crescimento significativo de indústrias que buscam a biotecnologia como uma “Escolha ESG”, por ser capaz de propiciar estabilidade aos processos de tratamentos dentro de indústrias, sob o manto da sustentabilidade.
“Por exemplo, no caso do lodo gerado por diversos setores industriais, a aplicação de microrganismos é uma solução ambientalmente econômica fantástica. É um combo perfeito, pois pode gerar ganhos financeiros expressivos de até 30% de redução de custos e ainda qualifica a indústria como um exemplo positivo de responsabilidade na gestão de seus resíduos, já que os trata de forma natural, reduzindo a necessidade de encaminhá-los para os já sobrecarregados aterros sanitários”, ressalta a especialista.