De janeiro a agosto, a importação de ureia – principal fertilizante nitrogenado usado para adubação do milho – caiu 12% na comparação anual, para cerca de 3,9 milhões de toneladas (t). Dados portuários indicam que as entregas de setembro também recuaram em torno de 7% no ano.
Em outubro, o ritmo de importação deve se subir 45%, para 862.000t, ante 595.516t recebidas um ano antes, segundo dados de lineup.
Agricultores postergam a decisão de compra de fertilizantes, contudo, esperando por uma queda da relação de troca para o milho. Em Rondonópolis, em Mato Grosso, a relação de troca para o grão ficou em 64,32 sacas/t no fim de setembro, em comparação com 55,44 sacas/t no fim de setembro de 2022.
O preço da ureia para importação e entrega nos portos brasileiros ficou em $395/t no fim do mês, ante $660/t um ano antes. Neste ano, a ureia atingiu o menor nível em meados de junho, ficando em $275/t para importação. Apesar da queda do preço da ureia no ano, a alta da relação de troca reflete a desvalorização do preço do milho. Em setembro de 2022, uma saca de 60kg de milho era negociada por R$71,25 em Rondonópolis, ante R$39,80 neste ano.
Considerando o cenário global, a expectativa é de manutenção de preços mais baixos da commodity agrícola, com o aumento da produção mundial, e de preços de nitrogenados firmes. A atenção global se volta aos mercados do Brasil e da Índia – dois importantes compradores de ureia –, que devem direcionar os preços globais desse fertilizante em outubro-novembro. A estimativa é que a Índia busque cerca de 2 milhões de toneladas de ureia para entrega até dezembro, para atender à safra de inverno, conhecida como rabi.
Já o Brasil usualmente concentra 40pc das importações de ureia entre setembro e dezembro. Caso esse percentual se repita neste ano, o país deve receber 2,6 milhões de t no período, somando cerca de 6,4 milhões de t de ureia importadas em 2023.
As entregas aos agricultores da disposição em negociar fertilizantes. Participantes de mercado temem que problemas logísticos devem ser uma realidade no início de 2024, em meio ao aumento de filas nos portos e ao pico das entregas de fertilizantes para o milho. A procura por caminhões também deve ser intensa para dar continuidade ao escoamento da safra de grãos, que segue em ritmo mais lento do que em anos anteriores.
O frete de adubos na rota Paranaguá-Rondonópolis ficou em R$318/t no fim de setembro, em meio à intensificação das entregas para a safra de soja 2023-24. Comparativamente, o menor nível neste ano foi de R$190/t, no início de junho, quando a procura para escoar adubos estava mais baixa. Na conta do frete, também entra a disputa por caminhões para escoar a safra brasileira de grãos. A safra 2022-23 de milho de Mato Grosso estava 65,33% vendida até setembro, contra 84,25% de média para os cinco anos anteriores, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Fonte: Argus
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