A Indonésia retomará o programa de mistura de etanol na gasolina como parte da estratégia para expandir renováveis. A medida foi confirmada pelo ministro de Energia e Recursos Minerais, Arifin Tasrif, durante o seminário Mobilidade Sustentável: Ethanol Talks, nesta segunda-feira (9), em Jacarta.
O Programa de Bioetanol de Cana-de-Açúcar para Segurança Energética foi lançado em 2015 e tinha por meta de chegar a 2025 com 20% de mistura, mas estava suspenso em 2020. Em junho deste ano, a empresa estatal de energia anunciou o início das vendas de gasolina com 5% de etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, em duas cidades – Jacarta e Surabaya.
“Estamos realizando os estudos para o plano de misturar o combustível com 7% de etanol. O objetivo é descobrir o quanto as emissões podem ser reduzidas com esse produto de combustível limpo”, disse Arifin Tasrif. Segundo ele, um dos desafios do programa etanol é garantir a disponibilidade do biocombustível e demais produtos derivados da cana-de-açúcar no país.
Estima-se que a implementação de um mandato de mistura de E10 na Indonésia exigiria a produção de 890 milhões de litros de etanol por ano – o país tem como objetivo produzir 1,2 mil milhões de litros de etanol de cana-de-açúcar até 2030.
É justamente nesse contexto que a experiência brasileira de mais de 40 anos de produção e uso do etanol nos veículos leves pode contribuir. “Assim como o Brasil, a Indonésia possui vocação para a agroindústria e pode acelerar o processo para baixo carbono apostando em uma solução pronta, disponível e efetiva para a descarbonização. Estamos aqui para oferecer cooperação”, afirmou o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi.
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, embaixador Mauro Vieira, destacou a importância de se construir uma estratégia de bioenergia abrangente, sustentável, inteligente e em larga escala para a bioenergia. Mauro Vieira também reforçou que não existe uma solução única quando se trata de transição energética.
“O Brasil acredita que cada país deve ser capaz de escolher os caminhos tecnológicos que melhor se adequam às suas prioridades e realidades nacionais em seus esforços para descarbonizar o setor de energia e avançar em direção a uma economia de baixo carbono ou neutra em carbono”, afirmou, dirigindo-se à plateia de mais de 160 pessoas reunidas para debater mobilidade sustentável.
Segurança energética também foi a agenda destacada pelo chefe da Divisão de Energia Renovável da Agência Internacional de Energia (AIE), Paolo Frankl, que participou de painel sobre políticas públicas. Ele reforçou a importância do compartilhamento de informações entre países da Ásia, América Latina e África.
Frankl lembrou o reconhecimento ao papel do etanol e outros renováveis com o lançamento da Aliança Global para os Biocombustíveis (GBA), liderada pela Índia, Brasil e Estados Unidos no âmbito do G20. “A Agência Internacional de Energia está pronta para apoiar a GBA”, afirmou.
A Índia, que neste ano preside o G20, compartilhou no Ethanol Talks Indonesia a experiência de cooperação com o Brasil no desenvolvimento do programa etanol indiano, que antecipou em cinco anos, para 2025, a meta de mistura de 20% na gasolina. Atualmente, o blend de etanol está entre 10% e 12%.
O Ethanol Talks Indonésia é o nono seminário do programa de promoção internacional do biocombustível, o primeiro realizado sob a bandeira do GBA. Participaram do evento especialistas dos setores sucroenergético, automotivo e de energia, representantes de diversas embaixadas, além de estudantes universitários das áreas de tecnologia ambiental, transporte e logística.
O seminário é promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool) e Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Embaixada do Brasil em Jacarta.