Um trabalho com bactérias promotoras do crescimento em plantas rendeu ao professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Fernando Shintate Galindo, de 32 anos, o Prêmio Fundação Bunge de 2023. Ele venceu na categoria “Juventude”, reservada a pesquisadores até 35 anos. A cerimônia de premiação deve ocorrer ainda este mês na capital paulista.
Galindo é docente do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT-Unesp), no campus de Dracena, e atua em pesquisas na área de nutrição e fisiologia vegetal aplicado à fitotecnia. Seus estudos têm o objetivo de tornar a agricultura mais resiliente e sustentável.
Em agosto, com apoio da FAPESP, o professor apresentou o trabalho premiado na 23ª edição do Congresso Latino-americano de Ciência do Solo (CLACS), realizado em Florianópolis (SC) paralelamente à 38ª edição do Congresso Brasileiro de Ciência do Solo (CBCS).
“A participação nesses eventos foi muito marcante e emocionante. Há exatos dez anos, participei do meu primeiro congresso científico, no mesmo CBCS, na mesma Florianópolis, ainda no final da graduação, como aluno de iniciação científica. Aquela experiência marcou a minha vida. Ali eu tive a certeza de que era a carreira que eu gostaria de seguir para o resto da minha vida. Agora retorno ao mesmo evento com o grande sonho da minha vida realizado”, diz Galindo.
O estudo apresentado pelo docente investigou como melhorar a eficiência da adubação nitrogenada em grandes culturas por meio da inoculação do solo com bactérias promotoras de crescimento. Mais especificamente, ele estudou o microrganismo Azospirillum brasilense e seu potencial benefício em termos de fixação biológica de nitrogênio.
“Verificamos que é possível de fato otimizar o manejo da adubação nitrogenada em culturas como o milho, trigo, soja, feijão e feijão-caupi por meio de uma série de mecanismos relacionados ao maior desenvolvimento do sistema radicular das culturas em função do efeito fito-hormonal do Azospirillum, bem como melhoria nos parâmetros relacionados à fotossíntese, redução do estresse oxidativo das plantas, aumento na eficiência de uso e recuperação do nitrogênio aplicado via fertilizantes”, explica Galindo.
Segundo o professor, em função do baixo custo e da facilidade de aplicação e aquisição, trata-se de uma tecnologia inserida no contexto sustentável, de agricultura resiliente, regenerativa e de baixo carbono. Com base em resultados verificados ao longo de uma década de trabalho com Azospirillum, constatou-se a possibilidade de reduzir em até 25% a quantidade de fertilizante nitrogenado aplicado, dependendo da espécie estudada, mantendo-se a produtividade estável.
Galindo destaca que o apoio da FAPESP não se restringiu somente aos eventos de que participou: “A Fundação também foi responsável por me ajudar na formação de recursos humanos. Minhas duas primeiras bolsas como orientador são fruto de projetos apoiados no Brasil e exterior. Sem os recursos concedidos pela instituição, não teria sido possível conduzir nossa pesquisa por tantos anos, nem atingir tal nível de qualidade. Foi, portanto, fundamental para desenvolver uma pesquisa de excelência, que culminou na premiação concedida pela Fundação Bunge”.
Criado em 1955, o Prêmio Fundação Bunge é um dos mais tradicionais do país na área de ciências agrárias e, em 2023, contou com 120 pesquisadores indicados – um número recorde. A indicação é feita sem conhecimento prévio do pesquisador e a seleção do vencedor fica a cargo de um grupo de especialistas da área. Os ganhadores receberão medalha e uma premiação em dinheiro.
Confira os demais vencedores da edição em: https://fundacaobunge.org.br/novidades/premio-fundacao-bunge-divulga-contemplados-da-edicao-2023/
Agência Fapesp
Foto: Acervo Pessoal