Por: Renato Bedendi
O papel da automação, segundo a FAO, órgão das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, é tornar a produção de alimentos mais eficiente e sustentável. O agronegócio é uma das indústrias mais avançadas quando se trata de implantar tecnologia de automação no mundo real. Com enormes extensões de terra, ocupadas por apenas um punhado de trabalhadores, o uso de ferramentas tecnológicas faz todo o sentido financeiramente.
Diante do crescimento populacional e da crescente demanda por alimentos, robôs e maquinários autônomos estão otimizando o trabalho no campo. Com uma população global de 7,5 bilhões de pessoas, que deve atingir 9,7 bilhões até 2050, a indústria agrícola precisa se modernizar não apenas para fornecer sustento em tal escala, mas também para fazê-lo economicamente.
A automação nas fases iniciais da cadeia de abastecimento alimentar pode apoiar ganhos de produtividade sustentáveis e inclusivos nos sistemas agroalimentares e contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, segundo o relatório da FAO sobre o Estado da Alimentação e Agricultura 2022.
Mais produtividade e resiliência
O relatório afirma que a automação agrícola, incluindo o uso de tratores ou Inteligência Artificial, pode aumentar a produtividade e a resiliência, aprimorar a qualidade do produto e a eficiência dos recursos, contornar o problema da escassez de mão de obra, melhorar a sustentabilidade ambiental e facilitar a adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
A automação também é utilizada em grandes sistemas de irrigação trazendo os benefícios de redução de consumo pois direciona a quantidade exata de água demandada por cada tipo de cultura permitindo também que este processo ocorra em qualquer terreno.
A capacidade de máquinas agrícolas não tripuladas de otimizar os rendimentos levou ao surgimento da indústria agro tecnológica. Um relatório de analistas de mercado e consultores Tractica informa que as remessas globais de robôs projetados para uso agrário devem aumentar para um valor de US$ 87,9 bilhões até 2025.
Juntamente com outros investimentos tecnológicos em IoT, análise preditiva, sistemas de irrigação inteligentes e muito mais, os agricultores agora podem investir em uma variedade de maquinários capazes de planejar, arar, plantar, pulverizar e realizar colheitas 24 horas por dia, sem controle humano direto.
As máquinas também podem executar tarefas com mais eficiência, e não apenas contribuir para o trabalho humano. No caso da remoção de ervas daninhas, por exemplo, um direcionamento mais preciso dos produtos químicos pode reduzir os custos anuais em 80%, com vantagens também para o meio ambiente. Afinal, a agricultura é responsável por cerca de 23% das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem e usa até 92% da água doce do mundo, de acordo com um relatório do WWF (World Wildlife Fund).
As fazendas estão se tornando mais eficientes graças a tecnologias automatizadas como robótica e GPS, permitindo que maior volume de alimentos sejam produzidos com custos e mão de obra reduzidos sem precedentes.
Toda a eficiência obtida no campo através da automação deve também ser convertida em produtividade dentro da indústria que processa e embala essa quantidade de alimentos. A automação industrial proporciona a possibilidade de reduções de perdas materiais e aumento da eficiência permitindo aumento da produtividade com gastos energéticos menores.
E mesmo que o suprimento total de alimentos na Terra permaneça relativamente limitado, o crescimento da agricultura automatizada indica um avanço no futuro da produção de alimentos e, consequentemente, em uma sociedade mais justa.
Renato Bedendi, Especialista de Produto e Aplicação da Mitsubishi Electric