A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e o projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, estão construindo o Centro de Hidrogênio Verde (CH2V) na cidade mineira que vai testar a aplicação do hidrogênio verde na indústria. A empresa NEUMAN & ESSER (NEA Brasil) e sua subsidiária Hytron -- Energia e Gases, são as responsáveis por fornecer os equipamentos da planta piloto em construção.
Assim, o CH2V terá uma unidade de produção por eletrólise, armazenamento e abastecimento veicular de hidrogênio verde livre de emissões de CO2, em escala e condições que permitam operá-la como laboratório para pesquisa, desenvolvimento e demonstração da produção e uso do hidrogênio, cobrindo os aspectos básicos (controle, medição, proteção e segurança na produção, logística e uso final) e aplicações de maior potencial no âmbito da mobilidade, geração de energia e usos industriais para o abastecimento de veículos a partir de 2023.
Com a implementação da unidade de produção, composta de um eletrolisador tipo PEM de 300kW de potência, vasos de armazenamento, dispenser de abastecimento e uma célula a combustível, o CH2V, que será alimentado exclusivamente por energia renovável (painéis fotovoltaicos), terá a capacidade de produzir 60Nm³/h de H2V. Diversas empresas e indústrias de âmbito nacional já estão em contato com a UNIFEI para estabelecer parcerias.
O CH2V pretende ser uma referência nacional em produção piloto de hidrogênio verde. A partir da construção da unidade de produção, armazenamento e abastecimento, o projeto pretende agregar várias frentes de pesquisas que incluem a análise do uso de hidrogênio verde em processos industriais, na geração de energia elétrica e na busca por alternativas sustentáveis para a mobilidade urbana. Também está prevista, inicialmente, a inserção nos cursos de graduação, pós-graduação e especialização, disciplinas com foco no hidrogênio verde, promovendo a geração de conhecimento, troca de experiências, treinamento e qualificação profissional na área.
Com a consolidação deste polo tecnológico, a parceria pretende ampliar as descobertas para além da universidade, permitindo o intercâmbio de conhecimentos com outras instituições de ensino e integrando atores dos setores público e privado. Os trabalhos incluem, ainda, experimentos sobre a aplicação do hidrogênio verde junto a empresas siderúrgicas instaladas em Minas Gerais.
“A UNIFEI, fundada em 1913, tem histórico e vocação para inovação e pesquisa. A construção de um centro focado na produção e estudo das tecnologias envolvendo hidrogênio verde a colocará como referência na área, além de contribuir, cada vez mais, para a sustentabilidade energética e ambiental, a redução de desigualdades, a qualidade de vida e o aumento de oportunidades”, afirma o professor Dr. Edson da Costa Bortoni, Reitor da UNIFEI.
“A GIZ, como empresa federal de utilidade pública, apoia o governo da Alemanha em seus objetivos, mediante a execução de projetos de cooperação técnica em mais de 80 países. A parceria com o Brasil possui mais de 60 anos e, atualmente, os dois países enfrentam os desafios ambientais globais por meio de ações para a preservação da biodiversidade e o combate as mudanças climáticas com o propósito de reduzir as emissões de gás carbônico. Nesse sentido, o conjunto de ações no âmbito dessa cooperação, como o Centro de Hidrogênio Verde, fortalece os objetivos dos dois países para promover uma economia de baixo carbono”, afirma Marcos Oliveira, um dos coordenadores do projeto H2Brasil.
“Nós do grupo NEUMAN & ESSER temos origem alemã com unidades em Belo Horizonte e Sumaré. Além de 25 anos de presença local, possuímos quase 200 anos de história e décadas de experiência com o gás hidrogênio. Dessa forma temos total capacidade de suportar tecnologicamente a transição energética sustentável no Brasil e no mundo usando o hidrogênio como vetor energético. Com a expertise da nossa subsidiária Hytron, podemos também contribuir com a criação e desenvolvimento da estrutura de produção de hidrogênio verde através de nossas soluções de eletrólise. Vemos que o Brasil desponta no mundo neste tema e acreditamos que este gás sustentável é uma peça crucial no quebra-cabeças da descarbonização da economia. Temos que parabenizar projetos inovadores como este da UNIFEI e o apoio de instituições como a GIZ. Sem estes pilotos, os projetos de escala industrial perdem subsídio técnico e político para sair do papel”, afirma Marcelo Veneroso, presidente da NEA Brasil.
O hidrogênio verde
No contexto da atual urgência da transição energética frente à crise climática e a sustentabilidade dos sistemas energéticos globais, o hidrogênio verde (H2V) -- produzido a partir de fontes renováveis - tem se destacado como peça-chave na descarbonização da indústria, sobretudo em setores difíceis de abater. O H2V pode servir como combustível para diversas formas de transporte, a exemplo de veículos terrestres ou marítimos e aeronaves.
O Projeto H2Brasil
O projeto H2Brasil integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Ministério de Minas e Energia (MME) com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. Com recursos de quase R$ 25 milhões até 2023, a iniciativa leva à UNIFEI a infraestrutura necessária para a realização de pesquisas experimentais em economia verde. O objetivo principal do H2Brasil é apoiar a expansão do mercado de hidrogênio verde no país, por meio de fomento à pesquisa, troca de informações entre universidades brasileiras e alemãs, promoção de projetos de inovação e novas tecnologias, estudos de certificação e regulamentação com foco no H2V e promoção de cursos de capacitação profissional.