O diretor executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa, apresentou oportunidades de cooperação entre o setor sucroenergético brasileiro e os países asiáticos, durante o seminário internacional “O Brasil e a ASEAN”, nessa quinta-feira (1º/12), no Palácio Itamaraty, em Brasília. O evento reuniu embaixadores e diplomatas dos países da Ásia, representantes do setor privado e acadêmicos.
Com foco em energias renováveis, o encontro foi o primeiro organizado pelo Ministério de Relações Exteriores desde que o Brasil foi admitido como Parceiro de Diálogo Setorial da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), status conquistado em agosto deste ano.
“O peso econômico e a centralidade geopolítica do sudeste asiático não escapam à nossa política externa. O Brasil deseja aproximar-se ainda mais da ASEAN e compreende os benefícios que esse processo pode proporcionar a ambos os lados”, destacou o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Carlos França.
Oportunidades
O potencial de cooperação em biocombustíveis, como o etanol, foi tratado em painel mediado pelo embaixador Piragibe dos Santos Tarragô, enviado especial do Brasil para a ASEAN. Além do diretor executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa, participaram o embaixador da Tailândia, Saksee Phromyoth, e o gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, Igor Celeste.
“A produção de etanol hoje está muito concentrada em poucos países, sendo que mais de cem nações produzem cana-de-açúcar e, com um pequeno esforço, podem ampliar para a produção de etanol”, afirmou o diretor executivo da Unica. “Temos um potencial grande de cooperação e estamos dispostos a colaborar no que for possível com os países para promovermos um mundo mais limpo e mais sustentável”, enfatizou Eduardo Leão.
Nessa perspectiva, a experiência consolidada do Brasil, em quase 50 anos com o etanol, apresenta uma solução viável e eficiente para uma das maiores demandas globais – a mitigação da crise climática. O etanol emite até 90% menos CO2 do que a gasolina. Nas últimas duas décadas, seu uso no Brasil evitou que cerca de 600 milhões de toneladas de CO2 fossem lançados na atmosfera, contribuindo para a saúde de milhões de pessoas e do meio ambiente.
Ao lado da contribuição para reduzir o aquecimento global, o etanol também proporciona o controle das emissões de poluentes, como o emblemático exemplo da cidade de São Paulo. Quarta cidade mais populosa do mundo, São Paulo é uma das metrópoles com o menor nível de poluição atmosférica. Em 2021, a cidade ocupou o 1.779º lugar na lista da IQAir, plataforma que monitora e ranqueia a qualidade do ar dos municípios ao redor do globo.
Outro ponto ressaltado foi o biocombustível como alternativa para o desafio de diversificação de fontes energéticas, reduzindo a dependência de fósseis.
O embaixador Saksee Phromyoth, da Tailândia, endossou o potencial de parceria entre o Brasil e os países da ASEAN na experiência com bioenergia, citando o etanol e o hidrogênio verde. “O Brasil é reconhecido em todo o mundo por suas fontes de energia renovável, agricultura e tecnologia, incluindo o etanol de cana-de-açúcar. Temos que olhar para o futuro a partir das oportunidades de compartilhamento desse conhecimento com a ASEAN”, afirmou.
Sobre a Asean
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) foi criada em 1967, a partir de um acordo entre Cingapura, Indonésia, Filipinas, Malásia e Tailândia, para assegurar o desenvolvimento econômico e a estabilidade política da região. Atualmente, dez países fazem parte do grupo. Em agosto de 2022, o Brasil foi admitido como Parceiro de Diálogo Setorial da ASEAN.
No encontro desta semana, o ministro Carlos França anunciou que o Brasil pretende abrir uma representação diplomática permanente em Jacarta, na Indonésia, para facilitar a interlocução junto ao bloco asiático.