Dia 13 de outubro é comemorado o Dia Mundial do Fertilizante. E esse é um tema que nunca esteve tão em alta. O item ganhou repercussão na mídia após problemas com a sua disponibilidade, que se agravaram com a guerra entre Rússia e Ucrânia, mas mesmo sendo um assunto em destaque ainda pouco se sabe sobre esse insumo que tem a função de nutrir o solo. E apesar das inúmeras associações sobre ele, de uma maneira geral, fertilizante nada mais é do que adubo, ou seja, um produto que vai levar nutrientes para as plantas, já que o nosso solo tem baixa fertilidade, portanto não consegue oferecer o que é preciso para ajudá-las a se desenvolverem de forma adequada, para produzir bem e com qualidade. O resultado desse procedimento na agricultura é um alimento bem nutrido e que ao ser consumido interfere de forma positiva na saúde da população.
Diante desse cenário, a NPV - Nutrientes Para a Vida - que tem como principal missão trazer a importância dos fertilizantes para uma melhor qualidade dos alimentos, e apresentar isso de forma científica para os brasileiros, promoveu um debate no dia 22 de setembro, e divulgou entre outras informações, a questão do preço do insumo e seu reflexo no valor dos alimentos, bem como a sua influência na segurança alimentar, fome e desperdício de alimentos.
O evento intitulado de "A influência do mercado de fertilizantes na economia brasileira e segurança alimentar" reuniu os palestrantes Luis Prochnow, coordenador Geral da NPV; Valter Casarin, coordenador Científico da NPV; José Luiz Tejon, jornalista, publicitário e coordenador do Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM; e Carlos Heredia, consultor de Negócios em Suprimentos e Fertilizantes, que reforçaram ainda mais o debate sobre o quanto o produto é importante para a economia e colabora para o bem-estar das pessoas.
"Utilizados corretamente, sob o ponto de vista técnico, os fertilizantes não representam problema de contaminação e nem poluição ambiental. Atualmente de 45 a 50% da produção de alimentos se dá na utilização de fertilizantes. E esse item ajuda na disponibilidade de alimentos, bem como a combater a fome e a desnutrição", explica Prochnow.
Entre os pontos trazidos pelo consultor de Negócios em Suprimentos e Fertilizantes, Carlos Heredia, está que o Brasil se preparou diante dos problemas de disponibilidade dos fertilizantes e que o mercado tem se ajustado, e isso inclui os preços. "Não vamos ter falta de disponibilidade. Além disso, a expectativa é de uma safra boa, com uma mínima de eventos climáticos, o que colabora ainda mais para um cenário positivo".
Além de ter garantido estoque, Heredia esclareceu que muitos agricultores também se programaram para uma diminuição no uso de fertilizantes, o que pode significar uma menor produção agrícola e qualidade dos alimentos no período de 2022 a 2023. Um fator que pode trazer problemas como o de segurança alimentar.
Na ocasião, os especialistas também trouxeram dados significativos sobre os impactos no preço dos alimentos, reflexo de vários fatores, entre eles o aumento no valor dos fertilizantes, quadro internacional e nacional de oferta e demanda, bem como o clima. Tudo isso, segundo Valter Casarin, coordenador Científico da NPV, afeta a inflação no prato dos brasileiros e colabora para índices como a segurança alimentar, no qual o Brasil possui 15,4 milhões de pessoas dentro da faixa de insegurança alimentar grave, segundo dados de 2019 a 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Diante disso, as pessoas começam a ter dificuldades em ter o seu alimento, principalmente as que perderam o emprego na pandemia, e as que têm menor acesso financeiro. Isso vai gerar essa insegurança alimentar", reforça Casarin.
O coordenador científico da NPV ainda trouxe dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) que mostram que após três anos elevou a fome no país, ou seja, a prevalência de subalimentação (fome) no Brasil foi de 4,1%, totalizando 8,6 milhões de pessoas. E fez um contraponto, uma vez que também cresce a obesidade no País. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 26,8% dos brasileiros têm obesidade e 60,3% estão acima do peso.
Em meio a fome e a obesidade, um outro ponto levantado no evento é o desperdício. Somente no Brasil são desperdiçadas 41 mil toneladas de alimentos anualmente, que geralmente acontecem da seguinte forma: 10% no campo, 30% na comercialização e armazenamento, 50% no manuseio e transporte e 10% no varejo e consumidor. Com esses dados, o país está entre os 10 que mais realizam esse mau hábito.
Apesar de todo esse panorama, o Brasil é uma potência agrícola, que alimenta 800 milhões de pessoas no planeta, mas depende do fertilizante para manter o seu ritmo de produção e até aumentar a produtividade, bem como garantir a qualidade nutricional dos alimentos e, desta forma, melhorar esses números em relação ao aumento da insegurança alimentar, fome e obesidade.
Para os especialistas presentes no debate, para reverter esse quadro é preciso investir em tecnologias para otimizar o uso (além de conscientização) e também para auxiliar no melhor aproveitamento pelas plantas, com o objetivo de reduzir as perdas no ambiente e tornar cada vez mais assertivo os cuidados com a sustentabilidade do planeta. Isso permitirá minimizar a dependência brasileira na importação dos fertilizantes, que hoje influencia bastante no custo de produção das culturas e reflete não só na cadeia produtiva como no valor dos alimentos e os torna cada vez menos acessíveis à população.
A expectativa é que com o Plano Nacional de Fertilizantes, surjam alternativas para a produção nacional do insumo. O caminho ainda é longo, mas com esse primeiro passo já se começa a discutir as possibilidades para trilhá-lo.
Mais informações:
É possível conferir o evento na íntegra no link: A influência do mercado de fertilizantes na economia brasileira e segurança alimentar