Nos próximos dias, são comemoradas duas importantes datas no calendário de diversidade: Dia Internacional da Língua de Sinais (23/09) e o Dia Nacional do Surdo (26/09), que alertam para a necessidade de ampliar a conscientização quanto à inclusão de pessoas surdas no ensino e no mercado. Nesse contexto, o agronegócio em geral vem desenvolvendo inúmeras iniciativas para tornar o setor cada vez mais plural, reforçando que há espaço para todos e todas em qualquer ambiente de trabalho.
"Há quem diga que o agro não é lugar para quem possui deficiência auditiva. Mas nós, da Atvos, acreditamos que com inovação e, principalmente, boa vontade, é possível criar um ambiente seguro para a atuação profissional de todas as pessoas, independentemente de sua condição física", conta Leonardo Fadigas, Gerente de Pessoas & Administração do Polo Goiás da Atvos.
A história de Weider Teodoro Nunes, que atua na Unidade Morro Vermelho (UMV), em Mineiros (GO), retrata bem esse movimento mais inclusivo por parte das empresas. Com surdez desde o nascimento, Weider trabalhava na fazenda com os pais, até que, há dois anos, montou um currículo com a ajuda de sua irmã para se candidatar a uma vaga de operador de trator, uma função de suma importância na cadeia da cana-de-açúcar. "Fui muito bem recebido pela equipe. Meus colegas me ajudaram muito, principalmente quando sugeriram à liderança algumas adaptações nos tratores para facilitar minha comunicação com a frente agrícola", relata.
Dessa forma, a Atvos investiu em melhorias nas máquinas para que o colaborador pudesse desempenhar seu trabalho de forma ainda mais segura. De acordo com Silas de Souza, líder de Weider, "foram instalados sensores de iluminação e movimento no trator para sinalizar algumas orientações. Quando precisamos nos comunicar com o Weider pelo rádio que fica dentro do veículo, acende uma luz e o banco vibra. Aí, o número de vezes que essas ações ocorrem significa uma ação ou mensagem: 1 vez é para dizer que está tudo OK; 2 vezes para informar que o trator precisa ir para a manutenção; 3 vezes para indicar que há problemas na qualidade da operação; 4 vezes para avisar da troca de turno e 5 vezes para que ele vá para o espaço de vivência, que é onde nos reunimos na usina", explica.
Apesar das adaptações no trator, Weider não contava com um novo obstáculo que surgiu com a pandemia de Covid-19. Por conta do uso das máscaras, a leitura labial, que tanto ajuda na comunicação dos surdos com não-surdos, ficou comprometida. "Foi um grande desafio. No começo, eu tinha muita dificuldade de entender o que as pessoas falavam. Tirar a máscara para que eu pudesse ler os lábios poderia ser um sério risco à saúde naquela época em que ainda não tínhamos as vacinas", detalha. Em função disso, a empresa investiu em uma melhoria que foi fundamental para garantir a continuidade do trabalho no campo e a segurança dos colaboradores. "Utilizamos máscaras transparentes para que o Weider pudesse entender o que os colegas falavam. Foi uma medida que tranquilizou a todos", diz Silas.
Iniciativas como essas podem parecer simples, mas significam muito para a população surda, que enfrenta muitas dificuldades para se desenvolver profissionalmente. "Trabalhar com o Weider é uma verdadeira troca. Nós aprendemos muito com ele, que é uma inspiração para muita gente e nos mostra que o agro tem espaço para pessoas em diversas condições", complementa Silas.
Para Fadigas, a empresa tem uma grande responsabilidade social, um dever com a coletividade. "Trabalhar a inclusão é uma maneira de cumprir o propósito de integrar as pessoas com deficiência e possibilitar que esse grupo tenha acesso aos seus direitos fundamentais. É muito gratificante poder fazer parte desse processo", afirma.
"Sou muito grato à Atvos pela oportunidade e por apostarem em mim. Me sinto muito acolhido por todos e esse bem-estar é importante para que eu continue realizando a minha função com qualidade", finaliza Weider.
A Atvos já conquistou o "Global Award for Good Practices in the Employment of Persons with Disabilities", prêmio concedido pela ONU (Organização das Nações Unidades) por conta das iniciativas de capacitação gratuita voltadas às pessoas com deficiência das comunidades onde atua. A empresa também já foi eleita pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), do Governo do Estado de São Paulo, como uma das Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência.