Durante dez dias, uma missão formada por representantes do governo, do setor privado e da academia de oito países da América Latina, Ásia e Europa cumpre agenda no Brasil para conhecer o processo de produção de etanol e seu uso em tecnologias automotivas.
A missão é organizada pela Associação Brasileira da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que juntos conduzem uma agenda de diálogo para promover o biocombustível internacionalmente. Nesta missão, também são parceiros a Representação do Brasil junto aos organismos internacionais em Londres e a Organização Internacional do Açúcar (ISO).
“Estamos muito entusiasmados em receber essa missão internacional, composta por países tradicionalmente produtores de açúcar, que enxergaram no etanol não só a oportunidade de diversificar a produção, como também de enfrentar os desafios da redução de emissões e os problemas de poluição”, afirma o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa.
A delegação é formada por especialistas da Tailândia, Filipinas, Singapura, Itália, Honduras, Guatemala, Colômbia. Eles vão conhecer os resultados positivos da produção de etanol para a economia do País, para o meio ambiente e para a sociedade. Desafios e avanços do setor, tecnologia, inovação e marco legal estarão na pauta das reuniões.
Em São Paulo, o grupo realizará visitas técnicas às indústrias dos setores sucroenergético e automotivo, ao Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), à Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool) e à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Também estão previstos encontros com representantes do governo brasileiro, em Brasília.
“O etanol é uma energia limpa, comprovada e testada, resultado de muitos anos de investimento em pesquisa no Brasil. E como uma imagem vale mais do que mil palavras, mostrar como processamos a cana-de-açúcar em nossa indústria tem um impacto muito forte sobre as pessoas dessa missão internacional, que também são formadores de opinião, além de especialistas no tema”, disse o embaixador Marco Farani, da Representação do Brasil em Londres.
Marco Farani destacou as oportunidades de emprego que são geradas com a produção de etanol, ao mesmo tempo em que se produz uma alternativa limpa e renovável de energia. “O percentual de etanol na gasolina tem aumentado em alguns países, como a Índia e os Estados Unidos, então é fundamental que o Brasil, pioneiro no etanol, mostre a sua história de sucesso”, completou.
A história do uso de etanol no país em larga escala remete aos anos 1970, com o programa Proálcool. Atualmente, são cerca de 360 usinas de etanol, que produzem biocombustível a partir da cana-de-açúcar e do milho. Essa cadeia produtiva emprega cerca de 2,4 milhões de pessoas direta e indiretamente. São mais de 775 mil empregos formais, segundo dados do Ministério da Economia.
Um estudo publicado na revista científica Biomass and Bioenergy, por pesquisadores da ESALQ/USP e da Universidade Estadual de Londrina (UEL), afirma que em cada município onde uma usina é instalada, a renda per capita aumenta em 1.028 dólares, por ano. Já nos municípios vizinhos, o aumento é de 324 dólares, per capita, anualmente.
No que se refere à mobilidade sustentável, o país tem mandato obrigatório para mistura de 27% de etanol na gasolina, além desde 2003 ter em circulação carros flex fuel, que funcionam tanto com gasolina quanto com etanol (ou com os dois, em qualquer proporção). Nesses quase 20 anos, cerca de 600 milhões de toneladas de CO2eq deixaram de ser lançados na atmosfera.
Projeto ApexBrasil
A ApexBrasil e a Unica tornaram pública em fevereiro de 2008 uma estratégia para promover a imagem dos produtos sucroenergéticos no exterior, em especial do etanol brasileiro como uma energia limpa e renovável. As duas entidades assinaram um convênio que prevê investimentos compartilhados. O projeto pretende influenciar o processo de construção de imagem do etanol e demais derivados da cana-de-açúcar junto aos principais formadores de opinião mundial – governos e meios de comunicação, bem como empresas de trading, potenciais investidores e importadores, ONGs e consumidores.