O rio Paraguai atingiu no início desta semana, o nível de
até 3,1 metros e ampliou a capacidade de navegação ma hidrovia, após um período
de intensa seca no ano passado e até paralisação do transporte aquaviário em
Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Mato Grosso do Sul registrou movimentação de 1,4 milhão de toneladas de cargas pelos portos estaduais, no primeiro quadrimestre do ano. O destaque foi o minério de ferro com 1,3 milhão de toneladas, seguido por sementes e outros grãos e ferro fundido. O volume ainda é inferior ao ano passado em torno de 10% mas já sinaliza uma melhora nas condições da via de escoamento.
O minério de ferro liderou em termos de mercadorias na pauta de exportações do Estado pela hidrovia. No início deste mês uma nova empresa de mineração de Corumbá, a MPP (Mineração Pirâmide e Participações) realizou suas exportações para a Europa pelo porto da Granel Química, em Ladário, onde é intensa a movimentação diuturna de máquinas e caminhões. Os carregamentos estão sendo acelerados para aproveitar o nível navegável do Rio Paraguai previsto para até o mês de setembro. Dois comboios de barcaças transportam 60 mil toneladas mensalmente em direção aos terminais argentinos e uruguaios, onde é feito o translado.
Para o secretário de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro) a hidrovia é um canal fundamental e estratégico na logística de Mato Grosso do Sul.
"Para a Bolívia a hidrovia garante todo o fluxo de exportação e importação de Santa Cruz de La Sierra. Já em Corumbá após os problemas do ano passado, nós sentimos uma retomada no transporte. Se formos olhar, lá em 2015 a 2016 criamos um programa para estimular construção de novos portos dentro do Programa de Apoio a Exportação pela hidrovia do Paraguai. Se formos observar os sistemas, Mato Grosso do Sul tem esta disponibilização de transporte de Corumbá até Nueva Palmira na Argentina. Além do apelo turístico. Estamos falando aqui principalmente de transporte", enfatizou.
Importante via
A hidrovia sempre foi uma opção de transporte de peso em Mato Grosso do Sul e com tendência de crescimento das exportações. "Temos que atender a Argentina para onde exportamos soja aé Nueva Palmira e ainda outros mercados internacionais. Hoje a Argentina é nossa 3ª ou 4ª parceira comercial", relembrou o secretário.
Volume de grãos em Murtinho ficou em 171,4 mil toneladas (Fotos Divulgação FV Cereais)
Em Porto Murtinho, a FV Cereais confirma a tendência de
aumento no escoamento de grãos pela hidrovia. Segundo o gerente de operações
portuárias Genivaldo Santos, neste ano a empresa retomou as exportações de
grãos pela hidrovia. Desde abril foram 171.468 toneladas de grãos.
Mais investimentos
Verruck destacou que diante do aumento no transporte os
terminais portuários estão fazendo investimentos. "Temos em Ladário, a
Granel Química que está ampliando sua capacidade, com o crescimento no volume
de cargas. São mais de R$ 100 milhões em investimentos já apresentados ao Governo
do Estado, diante do avanço da mineração em Corumbá. Já temos duas mineradoras
operando e agora mais duas iniciaram operação. Temos quatro mineradoras usando
a hidrovia", lembrou.
Na pecuária também teremos investimento no transporte de
gado. Ladário assumiu recentemente um porto da União para embarque e
desembarque de gado. Isso está sendo debatido com o Sindicato Rural de
Corumbá", salientou.
Já em Porto Esperança, o secretário relembra que tem ligação
com a ferrovia. "No Porto Esperança a operação ferroviária está conectada.
E finalmente em Porto Murtinho, os terminais bateram recorde de exportação este
ano e são mais voltados para a soja", pontuou.
Desafios
Hidrovia teve aumento na navegabilidade na região de Porto Murtinho (Foto: Toninho Ruiz)
Entre os desafios para melhorar a navegabilidade o
secretário cita a necessidade de se fazer duas curvas entre Corumbá e Porto
Murtinho. "Há anos estamos debatendo esta dragagem que facilitaria a
navegação pela hidrovia. Precisamos ainda trabalhar com balizamento a hidrovia.
Isso é uma discussao antiga que iria melhorar a hidrovia, principalmente nas
operações noturnas", citou.
Além das medidas estruturais, o secretário cito a
importância de se trabalhar na proteção das nascentes dos rios que desaguam na
hidrovia. "São investimentos necessários para potencializar a hidrovia.
Temos que fazer um trabalho nas nbascentes dos rios que desembocam para ter
volume de agua. Isso é fundamentamel a gestão dos recursos hídricos para atividade
que é secular. A hidrovia é estratégica para MS e permite os acessos aos portos
internacionais", salientou.
A hidrovia ainda tem vantagem de custo competitivo.
"Numa relação de custo inicial de rodovia, ferrovia e depois hidrovia, a
última tem vantagem. Além disso na hidrovia a capacidade de carga é elevada e o
custo menor", adiantou.
O secretário ainda destacou que as empresas têm investidos
em novos equipamentos mais modernos que trafegam nas hidrovias. São novos
rebocadores e novas barcaças para usar em periodo de águas baixas. Ou seja um
investimento massivo em novos equipamentos", afirmou Verruck.
De acordo com boletim da Sala de Situação do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), no dia 14 o nível do rio Paraguai em Ladário estava em 2,53 metros, em Porto Esperança em 1,82 mt e em Porto Murtinho chegou a 3,13 metros.
Rosana Siqueira, da Subcom
Foto do destaque: Chico Ribeiro