Um dos maiores problemas das cidades brasileiras é a falta
de transporte público adequado. As pessoas, principalmente as que moram nas
periferias, penam com falta de ônibus adequados. São poucos veículos,
desconfortáveis, poluentes, barulhentos, jogando fumaça causadora de doenças
respiratórias no ar. Enquanto isso, o mundo todo passa por uma revolução na
mobilidade, adotando veículos elétricos. E o Brasil está ficando para trás. A
nossa prioridade deve ser fazer a transição para os ônibus elétricos. Pensando
nisso, a Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) lança, nesta
quinta-feira (09.06), a campanha Via Elétrica.
A iniciativa vai concentrar os trabalhos de redes, empresas, governos e organizações que trabalham pela transição energética na mobilidade das cidades e que, por esse motivo, têm gerado conhecimento e promovido a conexão entre as partes interessadas a fim de viabilizar essa urgente transição. A PNME é uma plataforma multidisciplinar que reúne mais de 30 instituições da indústria, governo, sociedade civil e academia para construir soluções concretas e propostas de políticas públicas para a mobilidade elétrica no Brasil.
Os veículos movidos a combustíveis fósseis já são tratados como coisa do passado em diversas partes do mundo, já que a eletromobilidade está diretamente alinhada com o esforço global de enfrentamento às mudanças climáticas. Para isso, especialistas em mobilidade urbana apontam que, no Brasil, é preciso acelerar a eletrificação através dos ônibus, ou seja, pelo transporte coletivo. "Esta é uma solução boa para todos, afinal, os ônibus do transporte coletivo são o meio mais utilizado pela maioria da população. Mesmo que a eletrificação de carros ocorresse por completo, ainda assim teríamos milhares de pessoas utilizando diariamente um transporte público poluente, cujos impactos negativos à saúde e à qualidade do ar seriam sentidos por todos: tanto quem anda de ônibus, quanto quem anda de carro", explica Marcel Martin, coordenador do portfólio de Transportes do Instituto Clima e Sociedade (iCS), apoiador da iniciativa.
Segundo a ONU, a poluição atmosférica é hoje a primeira causa ambiental de adoecimento e mortalidade no mundo e provoca 7 milhões de mortes prematuras todos os anos. Ou seja, continuar dependendo de combustíveis poluentes é, além de atrasada, uma escolha perigosa e que afeta a todos, sem exceção.
Mas os benefícios de escolher uma energia limpa para os veículos em circulação no Brasil não ficam restritos à saúde pública, uma vez que os ganhos podem ser refletidos também na economia do país. A Europa e os Estados Unidos avançam na migração para a chamada indústria do futuro, em que a eletromobilidade é prioridade. Da mesma forma, todos os planos de desenvolvimento em países da União Europeia e na China incluem a eletromobilidade e a economia de baixo carbono como a solução não só para o enfrentamento das mudanças climáticas, mas também para o progresso econômico. Embora em países próximos, como Chile e Colômbia, avançam a passos largos na eletrificação das frotas, essa revolução acontece em ritmo ainda lento no Brasil. Entre os motivos que atrasam o nosso desenvolvimento está a falta de priorização de políticas públicas e de investimentos para acelerar o setor.
Cidades protagonistas
Segundo manifesto da campanha Via Elétrica, que pode ser acessado no site da iniciativa, os municípios são protagonistas neste processo já que têm o poder de regular as concessões de ônibus e, por isso, podem exigir que haja a transição energética das frotas. Mesmo em concessões existentes é possível promover a eletrificação, desde que o usuário não pague esta conta. Dados do International Council on Clean Transportation (ICCT) estimam uma redução de até 60% no custo operacional de ônibus elétricos em comparação com aqueles movidos a diesel.
- Haja maior oferta com preço justo de ônibus elétricos por
parte dos fabricantes;
- Os fabricantes sejam responsáveis com seus compromissos para
o enfrentamento às mudanças climáticas e ofertem produtos que sejam zero
emissões;
- O governo federal faça parcerias com governos municipais e
garanta políticas públicas e financiamento que promovam a eletrificação;
- Os municípios que já possuem metas de descarbonização
estabelecidas as cumpram dentro prazo determinado;
- Os municípios que não têm políticas de descarbonização
prevejam metas claras;
- O arcabouço legal do sistema de transporte por ônibus seja reformulado com o estabelecimento de um Marco Regulatório que promova a descarbonização do setor, transparência e qualidade dos serviços.
Foto Divulgação Portal Solar