Os agricultores brasileiros estão cada vez mais produtivos e
preocupados com os crescentes desafios fitossanitários das lavouras. A safra
2021/2022 está estimada em 269,3 milhões de toneladas de grãos, conforme o mais
recente levantamento da Companhia Brasileira de Abastecimento. Esse resultado é
5,4% superior à colheita anterior, de 255,5 milhões de toneladas. Já a área
tratada com defensivos agrícolas cresceu 12,1% em relação ao ano anterior,
principalmente devido ao aumento de pragas, doenças e ervas daninhas de difícil
controle., informa o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa
Vegetal (Sindiveg). Foram aplicados insumos em 1,883 bilhão de hectares, ante
1,679 bilhão de hectares do ano anterior.
O conceito de área tratada é o resultado da multiplicação da
área cultivada em hectares pelo número de aplicações de defensivos e, ainda,
pelo número de produtos formulados em cada uma das aplicações. O Sindiveg
aplica esse conceito desde 2020, utilizando dados encomendados à Spark
Consultoria Estratégica, que realiza pesquisa junto aos agricultores.
“As estatísticas de área tratada representam um importante
indicador para medir a contribuição efetiva da indústria de defensivos
agrícolas com a proteção e defesa dos cultivos, e mostram que o produtor tem
investido cada vez mais em tecnologia e prevenção contra as pragas, doenças e
ervas daninhas", explica Julio Borges, presidente da entidade.
“O crescimento da área plantada comprova o compromisso dos
agricultores brasileiros em aumentar a produção de alimentos para atender à
crescente demanda brasileira e global. Para isso, a indústria de defensivos
agrícolas não mede esforços, aumentando a oferta de novos produtos e
tecnologias eficazes, além de ampliar o financiamento no campo”, complementa o
dirigente.
Outro fator responsável pelo crescimento da área tratada
envolve o constante aumento dos desafios fitossanitários, com a expansão de
pragas, doenças e ervas daninhas de difícil controle. As pulverizações contra
cigarrinhas, por exemplo, tiveram elevação de 98%. Já as aplicações contra
mosca-branca e percevejos subiram 29% e 25%, respectivamente. Os agricultores
também utilizaram mais fungicidas protetores (+18% em 2021).
Desafios externos e internos
Em 2021, a indústria de defensivos agrícolas enfrentou
sérios problemas relacionados a aumento do câmbio, desabastecimento de algumas
matérias-primas vindas da China, atraso nas entregas, elevação dos custos dos
fretes marítimos e consequente pressão dos custos.
Como setor considerado essencial para a segurança alimentar
da população, a indústria de defensivos precisou revisar suas estratégias e
processos para que não faltassem insumos agrícolas para os produtores rurais.
Faltas pontuais e apenas de alguns produtos específicos, entretanto, ocorreram,
em função do problema logístico global.
Não bastassem as condições externas adversas, a agricultura
também enfrentou desafios climáticos no ano passado, como a grave seca em
partes do Centro-Oeste, Sudeste e, principalmente, Sul. Também é preciso
destacar que o clima tropical do Brasil é perfeito para insetos, fungos e
plantas daninhas se disseminarem com maior facilidade.
“Temos a dádiva de ter mais de uma safra por ano, mas também
o desafio de controlar o persistente ataque das pragas e doenças. Um ano é mais
severo que o outro. Os países de clima temperado não enfrentam esse nível de
problema, muito devido às temperaturas baixas e à neve, que dificultam a
propagação das pragas”, explica Julio Borges.
Importante destacar que os problemas fitossanitários podem
representar quebra de até 40% na produção agrícola – equivalentes a cerca de
100 milhões de toneladas por ano. “Todos os cultivos sofrem com o ataque de
pragas, fungos e ervas daninhas. A eficácia do seu controle é essencial para o
Brasil manter o elevado nível de produção e produtividade no campo”, ressalta o
presidente do Sindiveg.
Produtos e culturas
Em 2021, os inseticidas foram utilizados em 27% da área
tratada com defensivos agrícolas, 4 pontos percentuais a mais que os herbicidas
(23%). Os fungicidas foram utilizados em 18% da área, mais que o dobro do
percentual dos tratamentos de sementes (8%). Foi feita aplicação de outras
categorias de produtos em 24% da área tratada.
Com 1,063 bilhão de hectares, a soja representou cerca de
56% da área tratada com defensivos agrícolas, em 2021, com crescimento de
15,56% em relação ao ano anterior. O milho foi a cultura que mais cresceu
percentualmente em aplicações: +23,82%, chegando a 305,3 milhões de hectares.
Outros destaques são o trigo (+16% de área tratada, atingindo 47,9 milhões de
hectares); as pastagens (+8%); o café e os citros (+6% cada); e a cana (+5%).
Hortifrútis apresentaram ligeiro decréscimo de área tratada (-1,5%), assim como
feijão (-4,5%), arroz (-8%) e algodão (-12%).
"O levantamento encomendado pelo Sindiveg mostra que
46% da área tratada receberam aplicações entre outubro e dezembro de 2021,
tradicional período de semeadura da soja. O segundo período mais importante foi
o primeiro trimestre, com 30% das aplicações, momento importante para plantio
de milho", informa o presidente da entidade. Em volume de defensivos
utilizados, houve crescimento anual de 9,4%, passando de 1,081 milhão de
toneladas para 1,183 milhão t.
O valor de mercado dos defensivos efetivamente aplicados
pelos agricultores aumentou 17,4%, em 2021, passando de US$ 12,485 bilhões
(2020) para US$ 14,655 bilhões (2021). A soja representou 53% do valor total,
com US$ 7,779 bilhões, enquanto o milho participou com 13% e a cana, com 9%.
“Esse investimento tem sido importante para garantir o sucesso da agricultura
brasileira, responsável por R$ 768,4 bilhões em Valor Bruto da Produção, em
2021, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA)", diz Julio Borges.
"Em um ano extremante desafiador, com dificuldades para
aquisição de matérias-primas e problemas de logística, a indústria cumpriu o
seu papel e atendeu à demanda dos produtores rurais, trabalhando para evitar a
falta de insumos para produção de alimentos e contribuindo para a geração renda
e emprego no campo", finaliza o presidente do Sindiveg.