O fósforo que não queima, mas alimenta

Por: Valter Casarin

O fósforo é um dos principais elementos essenciais para a vida, tanto para o corpo humano como para as plantas e, portanto, para a agricultura. Infelizmente, grande parte dos solos brasileiros são carentes neste nutriente. Além disso, a disponibilidade é muito prejudicada por estar em formas não assimiláveis para as plantas, forçando os agricultores a recorrer ao uso de fertilizantes minerais, o fosfato.

Então, como diferenciar o fósforo do fosfato? O fósforo é um elemento químico, faz parte da tabela periódica, naturalmente presente no nosso planeta. Muito dele é encontrado em minas, que na verdade são depósitos fósseis orgânicos de animais marinhos. Também está presente nos solos, mas muitas vezes não pode ser aproveitado pelas plantas.

Este é o motivo pelo qual o fósforo é extraído dos depósitos naturais, para ser transformado em ácido para originar a forma oxidada, chamada fosfato. Essa forma é considerada "assimilável" pela planta, porque é solúvel em água e, portanto, pode ser usada na agricultura como fertilizante mineral.

Infelizmente, o fósforo é um recurso mineral não renovável e alguns acreditam que dentro de algumas décadas poderemos enfrentar uma escassez crítica desse elemento. Este é um dos principais motivos que fazem os preços do fosfato flutuarem tanto é que às vezes os preços sofrem picos exponenciais. De fato, está cada vez mais difícil para o setor agrícola obter esse fertilizante natural.

Muito além do simples mundo da agricultura, o fósforo é um elemento essencial para a vida. Ele faz parte de processos vitais dos humanos, animais e plantas, como ingrediente fundamental do DNA. Também é componente essencial do ATP, componente que armazena energia nas células dos seres vivos. Sem ele, não há crescimento celular, nem formação de sementes, pólen, esporos, entre outras estruturas. Em suma, sem fosfato, ainda estaríamos no estado de organismos unicelulares. 

Por exemplo, para as plantas, o fósforo é essencial para a fotossíntese, um processo sem o qual a planta não poderia prosperar usando a energia solar. Na verdade, é esse processo que lhe permite respirar e duplicar sua composição genética (seu DNA). Se uma planta enfrenta uma deficiência de fósforo, então ela interrompe todo o crescimento até a morte. Daí a importância da presença de fósforo no solo e em forma assimilável pelas raízes.

A pergunta que se faz é: por que o fósforo naturalmente presente no solo não pode ser explorado por plantações agrícolas? Muito simplesmente, porque se apresenta principalmente na forma insolúvel, enquanto as plantas requerem uma forma iônica, portanto solúvel desse elemento. As quantidades da forma solúvel são muito pequenas no solo, mas suficientes para nutrir eficientemente as plantas.

Para corrigir a deficiência de fósforo no solo, os agricultores são obrigados a recorrer ao uso do fertilizante, o fosfato, forma solúvel do fósforo e, portanto, assimilável pelas plantas. Mesmo assim, com a aplicação de fosfato no solo, parte deste fósforo será degradado e não poderá ser assimilado pela planta.

Dados os preços crescentes dos fertilizantes, a pesquisa descobriu que certos microrganismos podem solubilizar o fósforo para torná-lo disponível. Mesmo que os microrganismos não substituem completamente os aportes de fósforo necessários para o equilíbrio da cultura, esta solução ajuda a otimizar os recursos já presentes ou fornecidos por meio da adubação fosfatada.

Valter Casarin é Coordenador Científicos da NPV

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