Em parceria exclusiva com a empresa finlandesa Enifer, a FS, uma das maiores produtoras de etanol do Brasil, dá um passo inovador na valorização do milho de 2ª safra ao investir em biotecnologia para a produção de uma solução cientificamente e tecnologicamente eficaz voltada à nutrição animal avançada. A tecnologia, classificada como SCP (Single Cell Protein), é inédita no país e utiliza a vinhaça – coproduto da produção de etanol – como meio de cultivo do fungo PEKILO®, originando um ingrediente funcional sustentável e inovador. As conversas entre a FS e a Enifer, detentora da biotecnologia do PEKILO®, começaram em 2021, com o objetivo de viabilizar o uso da vinhaça como substrato para o crescimento do fungo. Com a validação do uso da vinhaça como meio de cultivo para o fungo, a FS concentra agora seus esforços no desenvolvimento de um processo industrial competitivo, projetado para ser escalável e adaptado à realidade brasileira. “Os estudos em escala laboratorial, iniciados em 2022 com o apoio de universidades brasileiras apresentaram resultados muito promissores. Iniciaremos agora a construção da nossa planta piloto com o intuito de escalar o processo e validar o produto como uma solução funcional de alto desempenho para o mercado de nutrição animal “complementa Daniel Lopes, VP de Sustentabilidade e Novos Negócios.
Atualmente, a FS já utiliza a vinhaça para a produção de DDG (Dried Distillers Grains), destinado à nutrição animal. Com o cultivo do fungo diretamente integrado a sua produção de etanol, a proposta reforça o esforço contínuo da FS em otimizar seus processos industriais e extrair o máximo valor nutricional do milho de 2ª safra, complementando a já consolidada produção de DDG.
“Esse projeto reforça nosso compromisso com a inovação, a ciência e a sustentabilidade. Estamos agregando valor adicional ao milho de 2° safra ao desenvolver uma solução relevante e inovadora para a nutrição animal, utilizando uma matéria-prima pré-existente e sem comprometer a produção de DDG. Trata-se de um avanço tecnológico relevante para o setor”, afirma Rafael Abud, CEO da FS.
Aplicações específicas do PEKILO® na nutrição animal
O fungo PEKILO® foi utilizado na Europa entre 1975 e 1991, principalmente em processos da indústria papeleira. Após um longo período de inatividade, ele foi redescoberto em 2020 pela Enifer, que identificou seu potencial como uma fonte de alimento sustentável para animais e, futuramente, para humanos.
É uma tecnologia que combina elevado teor proteico (~65%), fibras funcionais (betaglucanas), e baixos níveis de gordura e carboidratos, além de alta digestibilidade e palatabilidade, destacando-se como uma solução nutricional para uso em alimentos para pets e na aquicultura, com destaque para camarão e salmão, onde a demanda por fontes de proteína sustentáveis, rastreáveis e de alta qualidade está em crescimento. Na nutrição pet, por exemplo, os micronutrientes adicionais e as propriedades de absorção de água do PEKILO® fazem dele o ingrediente ideal para que as empresas de alimentos para pets ofereçam aos consumidores produtos inovadores, ao mesmo tempo em que alcançam seus próprios objetivos de sustentabilidade.
“A SCP oferece uma combinação única de desempenho nutricional e sustentabilidade. Ao trazermos o PEKILO® para o Brasil, demonstramos a robustez da tecnologia e sua capacidade de se adaptar a diferentes contextos industriais e agrícolas”, afirma Simo Ellilä, CEO da Enifer.
Financiamento
Para alcançar a escala industrial de produção desse novo produto, a FS aprovou o projeto no edital Mais Inovação Brasil, que oferece subvenção econômica e apoio às políticas de inovação. O projeto contará com o apoio da FINEP (Financiadora de Inovação e Tecnologia), que investirá R$MM 9,8 “Com esse recurso, avançaremos em etapas fundamentais relacionadas à fermentação do fungo, permitindo que prossigamos para a produção industrial”, explica Daniel Lopes.
A planta piloto terá capacidade de produzir aproximadamente 500 toneladas por ano, e a expectativa é que, ao atingir a produção industrial, o novo produto alcance uma capacidade de 10 mil toneladas por ano.
O composto será comercializado para a indústria de nutrição animal no Brasil e em outros países, como Equador e Chile, grandes produtores de camarão e salmão, respectivamente.