O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com os três últimos meses de 2024, segundo dados divulgados nesta terça-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor total do PIB no período alcançou R$ 3 trilhões. O destaque mais expressivo veio da agropecuária, que registrou alta de 12,2%, sendo o principal motor de crescimento da economia no início do ano.
Na comparação anual, ou seja, com o primeiro trimestre de 2024, o PIB avançou 2,9%, enquanto no acumulado de 12 meses, o crescimento foi de 3,5% — a maior taxa desde o segundo trimestre de 2023.
Setor agro lidera retomada
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o resultado da agropecuária está atrelado às boas condições climáticas e à expectativa de safra recorde de soja, que é a principal lavoura do país. Ainda assim, outros segmentos agroindustriais — como o setor sucroenergético — também vêm contribuindo para esse desempenho, mesmo em um contexto de início de safra mais lento, como demonstrado nos dados recentes do Centro-Sul.
O crescimento expressivo do agro no PIB reafirma a relevância estratégica do campo para o equilíbrio das contas nacionais, especialmente em momentos em que a indústria registra leve retração (-0,1%) e os serviços avançam de forma modesta (+0,3%).
Indústria e serviços: desempenho misto
Na indústria, dois segmentos apresentaram crescimento: indústrias extrativas (+2,1%) e eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (+1,5%). Já as indústrias de transformação caíram 1% e o setor de construção recuou 0,8%. Esse cenário mostra que, apesar de alguns nichos industriais reagirem, o setor como um todo ainda sente os efeitos de juros altos e baixa demanda.
Os serviços, que representam cerca de 70% da economia nacional, tiveram crescimento em quase todas as atividades, com destaque para informação e comunicação (+3%), serviços imobiliários (+0,8%), e administração pública (+0,6%). A única exceção foi o segmento de transportes, armazenagem e correio, com queda de 0,6%.
Pela ótica da demanda, investimento cresce
Do ponto de vista da demanda, os dados mostram sinais positivos: os investimentos (formação bruta de capital fixo) cresceram 3,1%, enquanto as exportações aumentaram 2,9% e o consumo das famílias, 1%. A importação também cresceu — 5,9% — impactando negativamente no cálculo do PIB, mas também indicando maior demanda interna por bens e serviços.
Agro é âncora da economia
Com esse resultado, o Brasil registra a 15ª alta trimestral consecutiva do PIB na comparação com o trimestre imediatamente anterior, e a 17ª alta na comparação anual, reafirmando uma trajetória de recuperação econômica sustentada — e com forte protagonismo do campo.
Especialistas destacam que, para além da soja, o desempenho da agropecuária reflete ganhos de produtividade e expansão de áreas cultivadas em culturas como milho, cana-de-açúcar e algodão. No caso da cana, apesar do início de safra mais tímido no Centro-Sul, a expectativa é de retomada gradual no segundo semestre, com recuperação na produção de etanol e açúcar.
O setor agroindustrial, especialmente o sucroenergético, permanece como um dos pilares da economia nacional — tanto no campo quanto nas exportações — e deve continuar influenciando positivamente os resultados do PIB ao longo de 2025.