A tecnologia brasileira para a produção e uso de biocombustíveis está no centro da missão do setor sucroenergético e de bioenergia ao Japão nesta semana, em uma iniciativa apoiada pela Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A agenda setorial ocorre paralelamente à visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Tóquio, de 24 a 27 de março, no contexto das celebrações dos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, que serão comemorados em 2025.
No dia 26, Lula participará do Fórum Brasil-Japão 2025, evento empresarial promovido pelo Itamaraty no Hotel New Otani, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presença de cerca de 500 empresários. Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), integrará o painel "Descarbonização e Estratégias Energéticas", destacando as vantagens do etanol brasileiro.
“O etanol brasileiro é o de menor intensidade de carbono do mundo, com o menor preço por tonelada de carbono evitada. Nosso etanol de cana-de-açúcar e milho de segunda safra reduz entre 75% e 80% as emissões de carbono em comparação à gasolina”, afirma Gussi. Ele ressalta ainda o potencial de emissões neutras por meio de iniciativas como o uso de biometano na frota agrícola.
Expansão da bioenergia
No dia 27, a UNICA e o Instituto de Economia da Energia do Japão (IEEJ) promoverão o workshop Brasil-Japão – Biocombustíveis para descarbonizar os transportes. O evento contará com a participação de empresários, representantes do governo japonês e líderes dos setores automotivo e bioenergético, abordando temas como combustíveis neutros em carbono, etanol no transporte marítimo e terrestre, infraestrutura e distribuição.
O Japão tem a meta de elevar a mistura de etanol na gasolina para 10% até 2030, o que pode ampliar a demanda para 12,2 milhões de litros diários, somando 4,45 bilhões de litros anuais. O país também avança no desenvolvimento do Combustível Sustentável de Aviação (SAF), no qual o etanol aparece como uma das principais alternativas.
O Brasil, por sua vez, compartilhará sua experiência de mais de 50 anos na produção, logística e regulação de biocombustíveis. Esse conhecimento foi impulsionado por políticas como o RenovaBio (2017), o Mover e o Combustível do Futuro (2024), que reconhecem a relevância ambiental e socioeconômica do setor.
“Tanto no Brasil quanto no Japão, há um reconhecimento crescente do papel essencial do etanol e outros biocombustíveis na transição energética”, conclui Gussi.