A Braskem, maior produtora de polímeros do Brasil, anunciou um aumento de 220.000 toneladas métricas por ano em sua capacidade de produção de etileno e polietileno, como parte de uma iniciativa estratégica de eficiência chamada "switch to gas". O objetivo é intensificar o uso de etano doméstico, fornecido pela Petrobras, substituindo a nafta, que tem se tornado menos competitiva devido aos custos elevados. O CEO da empresa, Roberto Ramos, destacou a autorização de R$ 233 milhões (aproximadamente US$ 40 milhões) para estudos de engenharia, além de um contrato de fornecimento de etano de longo prazo com a Petrobras. A medida é financiada por recursos do Regime Especial de Impostos sobre a Indústria Química (REIQ), que tem validade até 2026.
Em análise sobre os desafios da empresa, Frederico Fernandes, especialista em petroquímica da Argus, apontou que a Braskem enfrenta um ciclo prolongado de baixa no setor, impactado por um excedente global de capacidade de produção. Esse cenário tem levado ao aumento das importações de polímeros, o que reduziu a participação da Braskem no mercado interno de cerca de 60% para pouco mais de 40% nos últimos dois anos.
Para mitigar essa situação, a Braskem tem adotado diversas iniciativas estratégicas, incluindo a racionalização de ativos, o aumento das tarifas de importação e investigações antidumping contra as importações de polietileno dos Estados Unidos e Canadá. A empresa também estuda solicitar investigações semelhantes contra as importações de polipropileno da China.
No quarto trimestre de 2024, a Braskem reportou uma perda líquida de US$ 2,2 bilhões, um aumento significativo em relação à perda de US$ 935 milhões registrada no mesmo período de 2023. Apesar disso, as vendas de resinas no mercado interno permaneceram estáveis, totalizando 3,34 milhões de toneladas métricas em 2024. A taxa média de utilização das plantas domésticas da Braskem foi de 72%, um leve aumento em relação a 2023.