Nesta quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic inalterada em 10,5% ao ano. A decisão reflete uma postura de cautela frente ao ambiente econômico global e ao dinamismo observado no mercado interno.
Contexto da Decisão
A manutenção da Selic vem após uma interrupção no ciclo de cortes iniciado há quase um ano. Entre agosto de 2022 e março de 2023, o Copom havia reduzido a taxa de juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio de 2023, houve uma redução mais modesta de 0,25 ponto percentual. Contudo, o cenário atual levou o comitê a adotar uma postura mais conservadora.
Segundo a nota divulgada pelo Copom, a decisão foi motivada pelo ambiente externo adverso e pelos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho doméstico, que têm apresentado desempenho superior ao esperado. A nota destaca que “o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela.”
O comitê ressalta que a decisão visa consolidar o processo de desinflação e garantir a ancoragem das expectativas em torno da meta de inflação. A política monetária, portanto, deve continuar a ser contracionista por tempo suficiente para alcançar esses objetivos.
Vigilância e Expectativas
O Copom reforçou que continuará a monitorar de perto as condições econômicas e que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão guiados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta estabelecida.
Cenário Inflacionário
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho de 2024, o IPCA apresentou uma alta de 0,21%, inferior à taxa de 0,46% registrada em maio. No acumulado do ano, a inflação é de 2,48%, e no acumulado dos últimos 12 meses, é de 4,23%, acima dos 3,93% observados nos 12 meses anteriores.
Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No entanto, o Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central projeta uma inflação de 4% para o ano, enquanto o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras, prevê uma inflação de 4,1%.
O Copom mantém sua vigilância e continuará ajustando a política monetária conforme necessário para garantir que a inflação permaneça alinhada com a meta estabelecida e que as expectativas inflacionárias sejam adequadamente ancoradas.
O Banco Central segue comprometido com a estabilidade econômica e continuará a monitorar as condições internas e externas para tomar decisões que promovam o crescimento sustentável e a estabilidade dos preços.
Foto: Marcello Casal Jr