As empresas de energia e serviços públicos já têm aplicado soluções de inteligência artificial há algum tempo. A novidade é que, nos próximos dois anos, 67% delas devem aumentar consideravelmente os orçamentos voltados para esta tecnologia. A informação está entre as conclusões da análise setorial do Informe Ascendant de Maturidade Digital, elaborado pela Minsait, empresa de transformação digital e TI do grupo Indra.
A edição de 2024 do estudo, intitulada “IA: radiografia de uma evolução em curso”, analisou o contexto e o grau de adoção da inteligência artificial em mais de 900 empresas privadas e instituições públicas ao redor do mundo, vinculadas a 15 diferentes segmentos de mercado. No caso do setor energético, o relatório revelou um alto grau de maturidade na implementação da IA, com as companhias integrando a tecnologia às mais diversas áreas do seu negócio.
Essa tendência deve continuar se expandindo por toda a cadeia de valor e de forma responsável, levando em conta critérios como custo-benefício e responsabilidade social, uma vez que a maioria das empresas da área diz já possuir planos integrados de aplicação de inteligência artificial em larga escala para os próximos anos.
Entre os cases que refletem essa movimentação no mercado de energia, estão iniciativas de planejamento e construção de redes de distribuição, localização eficiente de ativos e instalações críticas, análise preditiva de falhas ou ligações anômalas, e melhoria de processos de tomada de decisão.
Além disso, 44% das empresas do setor ouvidas no Informa Ascendant afirmam estar concentrando seus esforços no cumprimento da agenda ESG, utilizando a IA como ferramenta de análise preditiva do impacto ambiental de suas operações, por exemplo.
Também se tem destacado o uso da inteligência artificial para identificar, explorar, extrair e transportar recursos energéticos (30%), em especial na otimização de rotas e na manutenção preventiva de infraestruturas. Já com relação à distribuição de energia, 22% das companhias dizem utilizar a IA para detectar eventuais casos de vazamento e fraudes em suas redes.
Vale ressaltar ainda que 71% das instituições respondentes apontaram a melhoria da eficiência e a otimização de processos internos como as principais motivações para aderir à IA ou passar a utilizá-la de forma intensiva. No entanto, a pesquisa mostra que, apesar da grande quantidade e variedade de dados que as companhias de energia têm capacidade para captar, inclusive em tempo real, ainda é preciso reforçar sua expertise na análise desses dados, com o intuito de extrair deles o máximo valor possível.
Os resultados do Informe Ascendant da Minsait também confirmam que a inteligência artificial tem impactado o setor energético com a utilização massiva de agentes generativos de atendimento ao cliente, personalização de tarifas e serviços com base na análise de padrões de consumo, otimização do uso de energia por meio de sistemas de gestão residencial inteligente, e promoção de soluções energéticas mais eficientes e sustentáveis, como consumo baseado em recomendações personalizadas e análises preditivas.
Passos em direção a um futuro mais seguro, sustentável e econômico
O setor energético está atravessando uma fase de transformação, impulsionada pela necessidade de se atentar a questões nas áreas ambiental, econômica e tecnológica. Os avanços em direção à transição para fontes de energia mais limpas, à otimização das infraestruturas e à gestão da demanda por recursos energéticos serão vitais nos próximos anos.
Diante desse cenário, o diretor global para os mercados de Energia e Serviços Públicos da Minsait, Juan Pérez de Cossio, explica que o uso da IA significará uma disrupção em todas as áreas e que o setor energético não será exceção.
“Veremos o surgimento de soluções cada vez mais inovadoras e surpreendentes para os desafios que o setor terá de encarar daqui em diante. Assim, a inteligência artificial surge como uma ferramenta fundamental para superar obstáculos e aproveitar novas oportunidades”, destaca De Cossio.
Nessa mesma linha, o Informe Ascendant aponta que 22% das empresas do setor já possuem grupos de trabalho dedicados à exploração das oportunidades oferecidas pela IA e revela ainda que, em 29% dos casos, a alta diretoria das companhias se diz “clara e firmemente comprometida" com a adoção dessa tecnologia. Por outro lado, 42% das organizações indicam a falta de perfis profissionais especializados como o principal obstáculo para a plena consumação desse avanço no setor.