Segundo levantamento do CDP Latin America, organização internacional que administra o maior sistema mundial de divulgação de dados ambientais para empresas, cidades, estados e regiões, 42% das 1.136 empresas brasileiras que reportaram seus dados de mudanças climáticas têm alguma iniciativa para redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE). Em 2022, o índice era de 35%.
No total, 780 iniciativas foram relatadas pelas companhias nacionais, 8,2% a mais do que no ciclo anterior, que representam uma redução de 183,6 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente. Entre as principais ações citadas, 18% das empresas afirmam realizar consumo de energia de baixo carbono, 14% se comprometem com a eficiência energética e 12% com a redução de emissão relacionada ao transporte por meio da instituição de políticas de viagem de negócios, teletrabalho, deslocamento de funcionários e substituição da frota de veículos corporativos.
Apenas 22% das empresas têm metas de redução de emissões de GEE (acima dos 18% do ano anterior), sendo que 220 trouxeram metas redução absolutas. Dessas, 25% foram alcançadas, 31% estão reduzindo suas emissões conforme o planejado e 9% ultrapassaram as suas metas. Porém para 4%, apesar do andamento, as metas ainda não estão na velocidade definida.
“Todos os anos o CDP reavalia sua metodologia para aumentar o nível dos critérios e impulsionar as empresas a avançarem em suas práticas ambientais. Mesmo com importantes progressos, o atual retrato está aquém do necessário para reduzirmos os impactos estimados das mudanças climáticas, com apenas 44% das metas absolutas ativas no ano de reporte”, alerta Rebeca Lima, diretora-executiva do CDP Latin America.
No Brasil, 14% das organizações afirmam ter um plano de transição climática alinhado ao cenário de 1,5 ºC até 2030, superando o índice de 12% registrado no ano anterior. Houve um aumento de 28% para 33% no número de empresas que elaboram sua estratégia de negócio considerando a análise de cenários climáticos.
De acordo com Rebeca, o envolvimento da cadeia de suprimentos é essencial para a eficácia dos planos de descarbonização das empresas. “Para chegarmos a uma economia sustentável, é essencial que as empresas atuem junto a seus fornecedores que representam em média 2,8 vezes as emissões totais das empresas, seja porque muitas das emissões e impactos estão concentrados neste ponto, seja para garantir que todos consigam se beneficiar”, comenta a diretora-executiva.
Riscos e Oportunidades
Iniciativas como novos produtos e serviços, mudança para fontes de energia renovável e aumento da eficiência no uso de recursos estão entre as 804 oportunidades identificadas por 47% das empresas, sendo que no ano anterior apenas 43% das organizações haviam detectado. Essas iniciativas representam uma oportunidade financeira de até US$ 196,3 bilhões, enquanto o custo para implementá-las foi calculado em apenas US$ 33,3 bilhões, ou seja, o benefício trazido por essas oportunidades é 6 vezes maior que o custo.
Como ponto de alerta, 757 riscos climáticos foram identificados por 30% das empresas. Os principais riscos são de transição, entre eles mecanismos de precificação de carbono (9%); mandatos e regulações de produtos e serviços existentes (8%); e aumento no custo da matéria-prima e mudança no comportamento do consumidor (6%). Riscos físicos também foram considerados pelas empresas, como precipitação intensa (chuva, granizo, neve – 5%); mudanças nos padrões e tipos de precipitação (4%); enchentes (costeira, fluvial, pluvial, subterrânea – 4%) e seca (4%).
Tanto os riscos de transição, quanto os físicos equivalem a um impacto financeiro de até US$ 191,5 bilhões, com um custo para evitá-los ou reduzi-los de US$ 42,2 bilhões, ou seja, custa menos para as empresas gerirem esses riscos para evitar que se materializem.
Do total das empresas brasileiras que reportaram, 157 estão listadas na bolsa de valores e representam mais de 79% do mercado nacional. Dessas organizações, 60% afirmaram ter metas de emissões ativas no ano de reporte, enquanto este índice é de 16% entre as não listadas. O gerenciamento das questões climáticas é maior nas grandes companhias. Entre as que estão presentes na bolsa, 90% alegam ter questões climáticas supervisionadas pelo Conselho Diretor, índice acima dos 56% registrados entre as empresas que não negociam ações na bolsa.
O Brasil segue com a maior participação representando 58% das empresas que reportaram, seguido de México (25%) e Argentina (4%). Entre os setores mais representativos do país estão serviços (32%), manufatura (21%), transportes (16%) e materiais (10%). As principais emissões medidas no Brasil são as de escopo 1 (51%) que representam as emissões diretas das operações da empresa, seguidas do escopo 2 (40%) que são as emissões indiretas ocasionadas pelo consumo de energia elétrica a e escopo 3 (31%) referente a todas as emissões indiretas registradas na cadeia de valor.
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