Importação de fertilizantes registra queda e acende alerta para mercado

Economistas da GEP COSTDRIVERS apontam que expectativa não é de melhora e áreas de compras devem se atentar aos riscos e à falta de suprimento

Importação de fertilizantes

São Paulo, abril de 2024 – Impactado por conflitos geopolíticos, o suprimento de fertilizantes no Brasil registrou queda neste início de ano. De acordo com a GEP COSTDRIVERS, plataforma de inteligência, análise e projeção de dados, as importações de nitrato de amônio (NA) vindas da Rússia, principal fornecedor do país, zeraram em fevereiro deste ano e acenderam um alerta para o setor, mostrando que as áreas de compras devem ponderar riscos relacionados à disponibilidade interna do material ao longo do ano.

Devido às restrições ambientais, a defasagem tecnológica e a crescente demanda, a produção nacional de fertilizantes é, em média, a mesma desde os anos 2000, tornando o mercado agrícola nacional dependente das importações de insumos. Isso implica em uma alta exposição às condições macroeconômicas globais, como guerras, inflação externa, política de juros e seus efeitos no câmbio, conforme temos visto com os conflitos no Leste Europeu, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, e no Oriente Médio, com os confrontos de Israel com o Hamas e Irã.

No caso da Rússia, país que detém a maior parte do fornecimento de NA para o Brasil, as importações seguem sendo fortemente impactadas pela guerra. Em 2022, houve um aumento nos preços e uma queda nos volumes embarcados que, apesar de normalizar em 2023 com a ajuda da redução da demanda, voltou a agravar o cenário este ano, zerando o fornecimento em fevereiro. Com isso, o volume total importado pelo país entre janeiro e março deste ano foi -27,55% menor que o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao Oriente Médio, o fornecimento de SSP (superfosfato simples) vindo de Israel intensifica a preocupação para o setor, registrando uma queda de -60,55% entre janeiro e março de 2024 em relação a 2023, após a eclosão do conflito com o Hamas. No caso do Irã, fornecedor de ureia, as compras seguem regulares, mas devem ser monitoradas com atenção, considerando o conflito iniciado este mês com Israel.

“O atual cenário acende um alerta para o mercado principalmente porque não temos como prever o fim dos conflitos ou os próximos passos dos países envolvidos neles. Portanto, as projeções são pessimistas: espera-se que as quedas nas importações de alguns tipos de fertilizantes se mantenham durante o ano, colocando em risco a disponibilidade desses insumos”, afirma Isadora Araújo, economista da GEP COSTDRIVERS. “Quanto à produção doméstica, a expectativa é que haja uma queda de -4,13% este ano, em relação a 2023, que já tinha registrado uma redução”, complementa.

Apesar da queda de importação, os preços médios FOB (Free on Board) dos fertilizantes ainda registraram queda em março, mostrando que o mercado ainda não precificou essa contração do fornecimento, já que os juros seguem altos e a demanda desaquecida. No entanto, o período não é o ideal para analisar a tendência de preços desses insumos, visto que as compras de fertilizantes ocorrem, sazonalmente, entre o terceiro e quarto trimestre do ano, época de plantio de importantes culturas que movimentam o mercado.


 Foto: Claudio Neves

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